terça-feira, 27 de outubro de 2015

Inacabado

As vezes fico assim, meio triste, meio carente.
Conto para o papel, para o gato, para as paredes e para quem quiser ouvir as dores do mundo, do meu mundo.
Tomo um chá e um pouco de vergonha na cara, pois é errado murchar por coisas tão bobas.
Suspiro, e lembro de uma vez que uma moça bonita disse-me, que eu, moça tão bonita não devia ficar triste.
E acabo sempre aqui, em frente essa tela ou debruçada sobre folhas de caderno, digito essas coisas, pois isso aqui é meu, as palavras são minhas, minhas ouvintes, se são contrariadas a serem usadas por coisas tão bobas, não sei. Bem que um dia eu li ou ouvi em algum lugar, que o papel é o único ouvinte com paciência. Confesso que fujo dele, e das palavras que se acumulam na mente, coração e nas pontas dos dedos.
E se me perguntarem o motivo, já não sei, já não sei do que eu fujo. Só sei que tento esquecer, por vezes consigo, mas a lembrança vem e junto dela aquele trecho do Legião que diz "mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira". 
Chega aquele o momento que se torna vergonhoso fugir de si mesmo, é possível bifurcar os caminhos e atrasar a chegada, mas é inevitável evitar a chegada. Creio que nos tornamos infelizes ao negarmos quem somos, que contornar os obstáculos do caminho, por incrível que pareça, torna a chegada mais dolorosa.

Não sei se voltarei aqui, para escrever mais frases soltas que talvez só façam sentido pra mim, mas conforme os dedos digitam a mente se abre.

Gabriele Laco.
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