segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Mais uma tolice

Não sei mais por que escrevo ou melhor por que não escrevo.
Ainda presto atenção nos detalhes e peculiaridades.
Sinto raiva por mim.
As palavras saem vazias, são apenas... sons.
Agora convivo com esse sentimento pútrido no peito.
Fico com esse nó nauseante na garganta que me acompanha.
Parece que foi tudo uma grande piada sem graça e agora só resta constrangimento.

Gabriele Laco.

Mantenha a calma

Oh querido, acalme-se!
José se preocupar pra que? Preocupação não leva a nada.
José se penitenciar pra que? Se a tua dor precisa ser sentida e não mais dolorosa.
José fugir do presente pra que? Se o teu futuro é imprevisível.
Oh meu querido, não se machuque mais pela magoa e frustração. A vida é isso meu velho, dor e alegria, e ambas necessárias. A vida reflete nossos atos e quanto mais cedo aceitarmos isso melhor.

Não sou nada pra dizer o que deve fazer ou não da tua vida, mas do fundo do coração que a tua dor sesse e que teu coração volte a bater.

Gabriele Laco.

Dor descabida

Não consigo pensar em nada além daqueles olhos castanhos claros me olhando nos olhos.
Isso dói.
Não consigo querer mais nada além daquele afago repleto de amor.
Isso dói.
Não consigo desejar nada além daquela esplendida sensação de liberdade.
Isso dói.
Não consigo suplicar por outra coisa que não seja voltar e refazer meus passos
Isso dói.
Estou em ruínas! Meus olhos doem de tantas lágrimas derramadas.
Anseio pelo sono ou por uma solução.

Isso dói tanto.

Gabriele Laco.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Inacabado

As vezes fico assim, meio triste, meio carente.
Conto para o papel, para o gato, para as paredes e para quem quiser ouvir as dores do mundo, do meu mundo.
Tomo um chá e um pouco de vergonha na cara, pois é errado murchar por coisas tão bobas.
Suspiro, e lembro de uma vez que uma moça bonita disse-me, que eu, moça tão bonita não devia ficar triste.
E acabo sempre aqui, em frente essa tela ou debruçada sobre folhas de caderno, digito essas coisas, pois isso aqui é meu, as palavras são minhas, minhas ouvintes, se são contrariadas a serem usadas por coisas tão bobas, não sei. Bem que um dia eu li ou ouvi em algum lugar, que o papel é o único ouvinte com paciência. Confesso que fujo dele, e das palavras que se acumulam na mente, coração e nas pontas dos dedos.
E se me perguntarem o motivo, já não sei, já não sei do que eu fujo. Só sei que tento esquecer, por vezes consigo, mas a lembrança vem e junto dela aquele trecho do Legião que diz "mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira". 
Chega aquele o momento que se torna vergonhoso fugir de si mesmo, é possível bifurcar os caminhos e atrasar a chegada, mas é inevitável evitar a chegada. Creio que nos tornamos infelizes ao negarmos quem somos, que contornar os obstáculos do caminho, por incrível que pareça, torna a chegada mais dolorosa.

Não sei se voltarei aqui, para escrever mais frases soltas que talvez só façam sentido pra mim, mas conforme os dedos digitam a mente se abre.

Gabriele Laco.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Além dos rótulos



Por vezes pego-me fazendo algum elogio exagerado a alguma mulher, seja por sua aparência ou personalidade, quando isso acontece perto de uma pessoa mais velha e digo: "essa mulher é tão... que eu beijava". Alguns me olham atravessado, outros acham graça do meu exagero, mas a pergunta principal sempre é: "mas você é lésbica?". E então começa uma conversa ou muitas vezes uma discussão infindável sobre minha sexualidade. 

O problema inicia quando digo que me relacionaria tranquilamente com uma mulher, os mais contrariados e raivosos bufam e reviram os olhos como se eu falasse um absurdo, e logo me rotulam de lésbica, porém me questionam sobre meu namoro com um homem e confirmo a afirmação, alguns mudam de ideia e me realocam como bissexual, outros não acreditam nisso, dizem que são pessoas confusas, mas confusos ficam eles quando falo que nunca sequer beijei uma mulher, a surpresa é geral e pares de olhos brilham, ficam felizes em me reencaixarem no grupo dos héteros.

O melhor fica para o final quando suas consciências já retomaram o descanso por rotularem mais um hétero. Conto que meu primeiro beijo foi com uma menina, me acusam de mentirosa, pois a afirmação acima desmente o que digo agora, porém eu tinha 4 ou 5 anos, brincávamos de casinha e cuidávamos de nossos filhos, que no caso eram bonecas. Já não sabem mais o que fazer comigo.

Se dependesse deles eu seria o que? Confusa, provavelmente. Na verdade, creio que quebro todo o "esquema" de rotulação deles, não sou nem um, nem outro ou sou todos, agora só Jesus nas causa pra ajudar essa pobre menina. A questão não é ser rotulado, pois todos nós somos e por vezes fazemos isso, o grande problema está em se restringir, viver atrás das grades de toda essa restrição. 

A sexualidade é algo muito simples e pertence apenas a nós e ninguém tem o direito de se intrometer nas nossas escolhas e desejos. Vejo casos de casais que são casados a anos e sentem vontade de algo novo, mas se trancam atrás das grades, por pura intromissão da sociedade, afinal, o que eles irão dizer? Já estão tão acostumados com esse sistema, que já não enxergam além do que lhes foi dito.

A vida que ao mesmo tempo é tão longa para milhares de experiencias novas, também é curtíssima para o marasmo, as restrições e julgamentos alheios. Vamos viver fora das grades, das margens, dos rótulos, vamos transbordar e ultrapassar as medidas, não temos espaços para rótulos, pois somos metamorfose ambulante. 

Gabriele Laco.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Uma pequena descoberta sobre o amor

(Foto: Marina Abramović e Ulay)


Aprendi a me jogar no amor, com a crença que algo me seguraria. Nunca soube o que esperar, só fui confiante e mesmo tremendo de medo, eu confiei. Reparti e entreguei meu corpo e ainda mais meu coração, só tentei engolir, a seco mesmo, toda a magoa de decepções anteriores e o medo que tinha de ser traída, e ainda mais de não ser "lida" corretamente, afinal, eu como toda mulher, sou um código e não é qualquer sábio que abre o baú e descobre o tesouro.

O baú foi aberto, e o que brilhou lá dentro nem eu mesmo sabia que existia ou sabia e simplesmente soterrava. Era lindo, na verdade é lindo, radiante e me fez brilhar feito estrela. A partir daí, eu aprendi o que é ser amada e o que é amar, óbvio que tenho amores de sangue na minha vida, mas ser despertada por um completo estranho de sorriso bobo, isso era tão novo, o abraço encaixava, junto com todo o corpo e pensamentos. 

Mas apesar de todo encaixe, somos pessoas diferentes, e amamos de formas diferentes. Por conta disso me magoava, creio que não seja só eu assim, esperava a mesma forma de amor que eu demostrava e demonstro, os mesmos carinhos e afagos. Creio que essa seja uma das causas, entre tantas, dos términos de relacionamento: a inflexibilidade. Não saber navegar por águas diferentes, não saber lidar com algo diferente. Namoro ou qualquer tipo de relacionamento não é um conto de fadas, é uma troca, uma sociedade, é ser feliz em fazer o outro feliz, em cuidar, amar, preocupar-se...

É isso sabe, não sou e nem me sinto idiota por amar e não receber da mesma forma, pois me sinto tão amada que parece uma abraço constante de urso. Sou menina, e o mundo de amar e ser amado é tão novo, mas apesar de toda ingenuidade em um relacionamento a dois, tenho a dizer que a palavra de ordem hoje é: flexibilidade. Sejam flexíveis meus amigos, deixem o orgulho de lado.

Gabriele Laco.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

[RESENHA] Punição para a inocência

(Editora: L&PM, Tradutor: Pedro Gonzaga)
Olá, hoje irei resenhar o livro Punição para a Inocência, da Agatha Christie. A querida Agatha vinha me atormentando durante um tempo, em toda livraria, biblioteca, sebo... que eu visitava, lá estava um livro dela, então um dia resolvi comprar um livro dela, e acabei levando três! Enfim, vamos ao que interessa. 

A história é um suspense policial, diria assim, com direito a mortes e detetives. O livro conta a história do assassinato de Rachel Argyle, uma mulher muito rica e com um instinto materno extremamente forte, foi esse instinto materno e a impossibilidade de gerar filhos, que a levou a adotar cinco crianças junto com seu marido Leo Argyle. 

Mary, Machael, Hester, Jackie, Christina, todos filhos adotivos do Sr. e Sra. Argyle, com exceção de Mary, todos os outros foram adotados em meio a Primeira Guerra Mundial, por conta de ficaram abrigados no lar que Rachel havia criado para cuidar de crianças desamparadas durante a guerra em Londres, muitas retornaram para suas casas quando a guerra teve fim, menos as crianças a cima. 

Todas cresceram "bem", com tudo do bom e do melhor, com exceção de Jacko, apelido dado carinhosamente pela família, Jacko era o garoto-problema, um delinquente juvenil e um rapaz extremamente sedutor e com muita lábia, sempre causando problemas a família.

Então, um belo dia, Jacko enfurecido por dinheiro mata a mãe com atiçador de lareira, pelo menos era o que todas as provas indicavam, ele vai preso e morre na cadeia por pneumonia.
Mas dois anos após o crime, a peça que faltava retornou de uma expedição na Antártida, Dr. Calgary era o álibi de Jacko e provou que ele não era e nunca foi o assassino. 

E a pergunta e o tormento pairam pela cabeça dos Argyle: Se não foi Jacko, quem foi? Todos sabiam que haveria de ser alguém da casa, pois não havia sinal algum de arrombamento. E agora o caso é reaberto e toda família Argyle olham uns pros outros desconfiados, essa incógnita vai destruindo o relacionamento deles e deixando a atmosfera que os cercam cada vez mais densa. 

Enfim, o livro deixa o leitor extremamente curioso para saber quem foi o assassino, e quando você acha que foi um, a escritora te mostra muito mais alternativas e possibilidades. Eu particularmente só não gostei da ultima meia página, me pareceu final de novela da Globo, mas o livro inteiro é ótimo e bem redigido, só me arrependo de ter demorado tanto tempo para ler um livro da Agatha.

Espero que tenham gostado e até outra resenha!

Gabriele Laco.



quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Solidão

Eu fui aquele tipo de criança tachada como rabugenta, chata, antipática e principalmente antissocial, minha mãe me apelidou de "velha", pois é "velha". Eu preferia brincar sozinha, ficar folheando meus livrinhos, daqueles kits que o vendedores passam nas escolas oferecendo, brincar com minhas barbies e adorava jogar Mario no meu polystation, na tv em preto em branco do meu pai, de muito menos que 14 polegadas.

Os amigos que tinha eram as meninas que se criaram comigo por sermos vizinhas, uma turminha de umas cinco meninas, as vezes o grupo crescia quando alguma criança se mudava pra vizinhança. Vez ou outra eu fazia um "melhor amigo", normalmente eram crianças mais velhas que eu e também meninos, eu adorava conversar sobre tudo, e as crianças mais velhas eram um pouco mais maduras para isso.

Fui uma criança e uma pré-adolescente muito retraída, desconfiada, tinha um pé atras com todos, o medo de demonstrar meus sentimentos era tão grande que me consumia. Por conta disso, não tinha amigos fiéis, de compartilhar segredos e dormir um na casa do outro, acabei fazendo amigos por cada série que passava, companheiros de trabalhos e intervalo, eram sempre o pessoal que entrava novo para minha sala, os repetentes ou esquisitões. 

Então, passei parte da minha vida, do início dela, compartilhando as coisas comigo mesmo, desenvolvendo meus pensamentos e teorias malucas, rabiscando papéis, devorando livros e músicas. Aprendi a me virar sozinha, por ser uma pessoa muito fechada, não contava com nada além de mim, digo que me tornei desconfiada e durante muito tempo achei que todas as pessoas fossem me trair, pois observava tanto o relacionamento humano e via quanta traição e mentira havia. 

Mas por traz de toda rebeldia, tinha tristeza, a necessidade de querer colo e atenção, eu precisava gritar pro mundo o que eu sentia, alguém tinha que se importar com o que eu sentia. Me perguntava o porquê daquilo, qual o motivo de tanta solidão.

Uma luz pairo sobre mim e a curto prazo me presenteou com uma ouvinte, compartilhávamos os sentimentos, dores e alegrias mais profundas. A pobre de atenção aqui, se agarrou na barra da saia e quebrou a cara. Ainda não sei porquê que a vida faz isso, ela te da o gostinho da felicidade e arranca tudo sem avisar. Os caminhos se bifurcaram, e o meu coração chorou e doeu por meses, mas nada é eterno, não é mesmo? As vezes acho que não era reciproco, sempre me doei muito, tentei ser a melhor, mas talvez não tenha sido a melhor para aquela pessoa. 

A vida foi passando, já não sou como antes, a gente amadurece e aprende com as coisas que passaram. Hoje já não sou só minha, minhas dores e feridas passaram, só restam cicatrizes e uma dorzinha que avisa quando vai chover. Me dividi, me joguei do barranco e foi quando perdi meu medo, com sorte, tinha alguém com muito amor me esperando de braços abertos para me pegar, e do seu abraço fiz meu ninho, e minha morada.

Solidão não é algo bom, dói, uma das dores mais profundas, e não existe no mundo alguém que cure isso além da gente, no momento que nos arriscamos e tentamos ela começa ir embora, até voarmos para o ninho de alguém e o resto de tristeza ser preenchido com amor.

Gabriele Laco.

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

[RESENHA] Seis segundos de atenção

(Autor: Humberto Gessinger - Editora: Belas Letras)


Olá, estou aqui mais uma vez para resenhar outro livro, que eu particularmente considero incrível. Não é novidade que eu sou fã de carteirinha do Gessinger, adoro os projetos, os álbuns, músicas, o Engenheiros e também o cabelo loiro deslumbrante.

Esse livro foi um empréstimo, já tinha lido um outro livro dele antes, chamado Nas Entrelinhas do Horizonte, e achei incrível e com esse não foi diferente. Enfim, vamos ao que interessa.

Queria começar dizendo que o Humberto é um ótimo escritor, tanto quanto músico, os ganchos que ele faz entre os temas e como consegue transformar coisas do cotidiano em um compilado de palavras que nos fazem refletir, é incrível.

"[...] E não adianta forçar a barra para adaptar a realidade às nossas teses, como quem quer encher o copo com mais água do que cabe nele. A elegância de uma explicação não garante sua eficácia. A necessidade de uma explicação não garante sua existência [...]"

Escreve de maneira simples, de modo que o entendimento é certeiro. Gessinger é gaúcho e eu como gaúcha, adoro o sotaque que ele emprega nas crônicas, com alguns "tris", "tchês" e "báhs" e também as inúmeras referências que esse gremista faz ao Rio Grande do Sul.

"[...] Nada me parece ser tão radicalmente definitivo na vida. Ok, ok tens razão: a morte é. Mas a maneira como nos relacionamos com ela, não. São várias as variáveis, sempre. E bastou terminar a frase anterior para que essas variáveis já sejam outras [...]"

O livro é composto por crônicas que abordam diversos temas, uma mistura de presente e passado, histórias pessoais e também relatos sobre algumas coisas da carreira, ele expõe seu ponto de vista com maestria, é muito interessante como ele coloca as coisas, como disse a cima, os ganchos que faz com os assuntos são ótimos.

"[...] A única coisa que podemos fazer com o tempo é escolher o que fazer com ele (cuidado: estaremos também escolhendo o que não fazer!). Mostre-me alguém que reclama não ter tempo pra nada e te mostrarei alguém que pensa ter tempo para tudo. Querer agarrar o mundo com as mãos é a melhor receita para ficar de mãos vazias [...]"

Um livro que fala com o leitor como um diálogo com um amigo, um bate e volta de leitura e pensamento. Com algumas partes cômicas e outras mais sérias, o livro conquista nas primeiras páginas, pois tem citações e reflexões inteligentes.

Contudo, sei que sou suspeita por falar do livro, já que sou fã do autor, mas com o olhar de leitora o livro continua sendo incrível e muito bem inscrito. Aos gaúchos que lerem, não se arrependeram nem um pouco, pelo contrário se sentirão em casa, e aos outros de outras regiões também não, como disse, o livro é muito bem escrito. Um livro nada cansativo e muito prazeroso de ler, uma super dica de leitura.

Espero que tenham gostado do minha resenha/relato de fã, e que eu tenha plantado em vocês as sementinha de curiosidade por esse livro. Até a próxima!

Gabriele Laco.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Indelicadeza alheia

(Louise Brooks)


Estou com uma xícara de café pousada na mesa a minha frente, a pouco estava em minhas mãos, e por muitíssimo pouco não dou um jeito de me afogar nela.

A indelicadeza do ser humano é tão brutal e sem qualquer limite, que quando acontece conosco é algo assustador e aterrorizante. Confesso que por muitas vezes fui indelicada, algumas vezes sem intenção, outras vezes por grosseria.

É difícil e complicado reagir a esses comentários, pergunto-me se devo dar uma resposta irônica e ainda mais indelicada ou se opto por manter a educação e calma. Na dúvida, fico variando entre as duas de acordo com o comentário e a pessoa.

Outra coisa que também me confunde, é como as pessoas fazem estardalhaço por nada e por algo alheio, sem qualquer vinculo com ela, o de hoje é: MEU CORTE NOVO DE CABELO. Ok, imaginem essas palavras sendo narrada pela voz do Cid Moreira.

Cortei o cabelo ao estilo Louise Brooks, se você não sabe quem é, paciência! Olha a indelicadeza ai gente! Enfim, ela é uma atriz dos anos 20, que possui um cabelo muito peculiar e lindo. Pois é, eu não sabia que causaria tanta polêmica e perguntas do tipo: "O que tu fez com o teu cabelo?" O que é isso na tua cabeça?"  

Também gosto de ver, aquelas pessoas que falam uma coisa, um elogio por exemplo, e fazem cara de quem chupou limão, o que contraria o que acabaram de dizer. Olha, sinceramente, não as julgo, por mais que não sejam bons interpretes, ao menos se deram trabalho de tentar ser gentis, diferente das outras pessoas que fazem cara de quem cheiro bosta e falam bosta.

As pessoas que conseguem ser sinceras e gentis ao mesmo tempo, os meus parabéns e gratidão eterna, pois foram uma ou duas pessoas hoje, que me fizeram desistir de me afogar no café (claro que não sabiam da minha vontade de suicídio), ao resto, olha nem tenho o que falar, só não disseminem comentários desprovidos de qualquer coisa útil, a coisas que não são da sua conta!

Enfim, meu café ainda esta pela metade e provavelmente frio, não vou bebe-lo mais, vai direto para o ralo da pia. As pessoas que me causaram e causam a tantas outras constrangimento e perplexidade, bom, de mim vocês perderam, continuem tentando, só não se engasguem com suas línguas venenosas.

Gabriele Laco.

[RESENHA] A arte de escrever


( Editora L&PM Editores, autor Schopenhauer,
tradutor Pedro Süssekind.)

Foi uma escolha meio sem querer, foi bater o olho e "é esse". Adquiri esse livro por meio de um projeto super legal que tem na minha cidade, um rodizio de livros, tu leva um e troca por outro. Bom, só pelo título já me chamou atenção, não é a obra mais famosa do Schopenhauer, até porquê, esse livro é composto por fragmentos de um livro muito maior e mais reconhecido dele, que se chama Parerga e Paralipomena. 

O livro é dividido em seis capítulos, que são separados por assuntos, são eles: Sobre a erudição e os eruditos; Pensar por si mesmo; Sobre a escrita e o estilo; Sobre a leitura e os livros; Sobre a linguagem e as palavras. Nesses poucos capítulos ele fala muita coisa e critica muita coisa, me abriu os olhos para novas perspectivas.

Schopenhauer, comenta durante o livro inteiro como é importante pensar por si mesmo, ele fala que os pensamentos são como uma mola e se forem sobrecarregados de pensamentos alheios, vindo de livros, a mola perde a elasticidade, ou seja, perdemos a capacidade de pensar por nós mesmos, nos acostumamos a percorrer trilhas já percorridas.

"[...] a leitura não passa de um substituto do pensamento próprio. Trata-se de um modo de deixar que seus pensamentos sejam conduzidos em andadeiras por outra pessoa. Além disso, muitos livros servem apenas para mostrar quantos caminhos falsos existem e como uma pessoa pode ser extraviada se resolver segui-los. Mas aquele que é conduzido pelo gênio, ou seja, que pensa por si mesmo, que pensa por vontade própria, de modo autêntico, possui a bússola para encontrar o caminho certo. Assim, uma pessoa deve ler quando a fonte dos seus pensamentos próprios seca, o que ocorre com bastante frequência mesmo entre as melhores cabeças. Por outro lado, renegar os pensamentos próprios, originais, para tomar um livro nas mãos é um pecado contra o Espírito Santo. É algo semelhante a fugir da natureza e do ar livre seja para visitar um herbário, seja para contemplar as belas regiões em gravuras [...]"

Ele crítica os eruditos que usam das informações dos livros, ou da escrita para ganhar dinheiro, os acha medíocres, pois diz, que jamais serão pessoas capazes de ser originais, já que pensam pela cabeça dos outros.

"[...] a peruca é o símbolo mais apropriado para ao erudito puro. Trata-se de homens que adornam as cabeça com uma rica massa de cabelo alheio porque carecem de cabelos próprios. Da mesma maneira, a erudição consiste num adorno com uma grande quantidade de pensamentos alheios, que evidentemente, em comparação com os fios provenientes do fundo e do solo mais próprios, não assentam de modo tão natural [...]"

Por outro lado, tem respeito pelos diletantes, pois esses exercem sua ciência ou arte por amor, por alegria, por mais que sejam ridicularizados por não prezarem o dinheiro, e sim, o prazer de exercer sua arte ou ciência.

Schopenhauer crítica muitíssimo o escritores alemães de sua época, mostra seu desagrado pelos novos escritores que não tem respeito a língua alemã, como não dominam ou conhecem a línguas que originaram tantas outras na Europa (latim e grega), crítica ainda mais os escritores que publicam livros por dinheiro.

"[...] antes de tudo, há dois tipos de escritores: aqueles que escrevem em função do assunto e os que escrevem por escrever. Os primeiros tiveram pensamentos, ou fizeram experiências, que lhes parecem dignos de ser comunicados; os outros precisam de dinheiro e por isso escrevem, só por dinheiro [...]"

O livro e o escritor me impressionaram, ele escreve de uma maneira leve e nada cansativa, expõe suas ideias e pensamentos com muita clareza, sem milhões de palavras rebuscadas para camuflar falta de conteúdo ou para mostrar o quão intelectual é.

"[...] a verdade fica mais bonita nua, e a impressão que ela causa é mais profunda quanto mais simples for sua expressão[...]"

 Enfim, um livro realmente ótimo, indicado a todos, principalmente a quem gosta de escrever e de ótimos filósofos, espero que minhas singelas palavras expressem os preciosos pensamentos desse cara.

Gabriele Laco.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Ela

Suas mãos já não tremem ao chorar, mas ela ainda não sabe como não desidratou após tantas lágrimas derramadas. Falando assim, parece mais uma desilusão amorosa, mais um caso bobinho de namoro falido, no caso deles, eram muito mais que mero status de rede social, eram melhores amigos, confidentes e companheiros.
Naquele dia meio morrinha, ora chovia, ora o sol aparecia, eles se esbarraram no ônibus lotado, e o estado trágico do transporte público os fizeram rir, tagarelar e transformar aquele momento trágico em cômico, a ponto de trocar o número do celular. E naquele momento seus fios se entrelaçaram e deram um tremendo nó cego, sem qualquer chance de reversão, acredito que tenha sido o melhor momento e o pior da vida deles, pois com um grande amor, o efeito colateral é uma grande e dolorosa queda.
Talvez alguns digam: "que encontro mais sem graça, cadê o close no rosto deles e a música cafona romântica?". Então eu lhes respondo, respondo ainda citando uma música do meu amado Gessinger: "...não é o que se pode chamar de uma história original, mas pouco importa, é a vida real...". Exatamente, foi tão real que a morte existe nessa história, fria e sem coração, cortando seus fios, sem dó e nem piedade.
E de repente, um tiro os separou fisicamente, e de repente um celular foi o valor da vida dele, mas o bandido não sabia que nele havia muito dela, havia tanto, que uma parte dela foi enterrada com ele, em um belo dia de sol.
A dor que ela sentiu tornava o peito dela inflado de sofrimento e tristeza, a ponto de quase explodir, ela sentia sua cabeça pesada e as lágrimas fluíram constantemente, como nascente de rio.
Foi tão duro pra ela ter que separar as roupas, calçados e todos os objetos dele, que ela simplesmente não conseguiu, dar as coisas dele era como dar as poucas coisas que restaram como lembrança que um dia ele existiu naquele apartamento, não queria desimpregnar sua presença daquele local, queria ele de volta.
A vida dela desmoronou, passa os dias com as camisetas de banda dele, com o cabelo desgrenhado, não sei se bebe bebida alcoólica, mas anda sempre com o copo na mão, não julgo ela, é uma transição tão difícil, que se refugiar na bebida, talvez seja a unica saída momentânea.
As vezes chora debruçada no parapeito da janela, segurando o masso de cigarro inacabado dele ou apenas olhando para algum lugar vago, por vezes achei que fosse se jogar, provavelmente pense muito nisso.
Enquanto escrevo isso, e ela nem sonha, ela se debruça mais uma vez na janela, com a camiseta dos Smiths, fumando e olhando para algum lugar. Meu coração palpita mais uma vez, sem saber se vai pular ou não. Mas na dúvida, vou continuar observa-lá e a cuida-lá mesmo a distância, pela janela do meu apartamento que é defronte ao dela.

Gabriele Laco.


Casal Perfeito

O dia está chuvoso, não vou reclamar por que gosto. Não sei explicar exatamente, mas dias assim me acalmam, buscam no fundo da minha memória lembranças das quais não consigo lembrar, talvez não sejam lembranças desse corpo, dessa vida.
O cheiro do vento gelado e da chuva também me acalentam, gosto de deixar a janela aberta a noite e observar os pingos de chuva no vidro e como ela passa correndo pelas luzes dos postes, pigando dos telhados e acabando em poças d'água, deixando cheiro de terra molhada no ar.
Gosto quando cai a noite, de chegar em casa e tomar aquele banho quente, enquanto a água ferve para preparar o chá verde, depois por aquela camiseta velhinha e desbotada dos Simpsons junto com minhas velhas companheiras pantufas, pegar minhas cobertas e travesseiros com meu cheiro, cheiro de lar e sentar no sofá, pegar aquele bom livro novo ou aquele antigo e calejado de tanto ser grifado, enquanto meus gatos se enroscam aos pés das cobertas.
Enquanto o mundo frenético gira sem parar, enquanto cabeças frenéticas giram sem parar, eu entro no meu mundo. Com a chuva batendo no telhado, com meus gatos, chá e cobertas, eu pego minha passagem para outro mundo, que alguns chamam de livros.

Gabriele Laco.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Hoje eu falei pra mim, jurei até, que essa não seria pra você, e agora é.

Gosto de me aninhar nas tuas costas nuas durante a madrugada, pousar minha mão sobre teu peito, beijar teu pescoço e sentir teu calor na minha pele, é uma sensação de proteção. Tenho constantes epifanias sobre como tu é real, de carne e osso, e me ama, o que é mais inacreditável, me sinto tão, mas tão grata ao universo, grata por ele ter nos unido, por nascermos com esse fio invisível que nos liga.

Entrar no teu quarto e dar sorrisos bobos por sentir teu cheiro, a alguns anos atrás nunca imaginaria que fosse tão boba, mas não ligo, nem um pouquinho, vou dar sorrisos ao sentir teu cheiro e ter epifanias malucas e doidas sobre a tua existência, espero que isso não te assuste.

Fico tão ansiosa e completamente cheia de saudades por passar alguns dias sem te ver, fico aguardando o minuto do nosso reencontro, que é acompanhado por um abraço de urso, na meia luz do teu quarto, de abrir um largo sorriso, te encher de beijos, ficar na ponta do pé pra dar um beijo na tua testa. Ah, como eu te amo rapaz!

Sempre me policio por escrever sobre ti ou nós, me pergunto se é certo, me pergunto se sou aspirante a escritora mesmo, se sempre escrevo sobre o amor imenso que emana de mim pra ti e vice e versa. Lembro da música da Clarice Falcão, Monomania, poderia citar vários versos, mas prefiro citar esse: "quem vai comprar esse cd sobre uma pessoa só?" E ai? Quem vai comprar o meu futuro livro sobre uma pessoa só? Mas não te culpo, pois talvez se não fosse tu pra me encher até a boca de euforia, quando vê, nunca teria escrito uma palavra. E as palavras a primeira vez que escrevi, fluíram feito água de cachoeira, tu fazia brotar em mim desde o início do início milhões de sentimentos e emoções, eu queria tanto derrubar o muro de Berlim e acabar com o Apartheid, voar pra ti e aterrizar nos teus braços.

Te amo desde sempre, desde antes de eu saber, os meus sentimentos desde o começo só se intensificaram e ficam cada dia maiores, meu coração abre um imenso sorriso em escrever tudo isso, pois é puro, são sentimentos transcritos puros, não é todo meu amor em palavras, pois eu teria que escrever mais um milhão de páginas, mas tu aflora o melhor de mim, e eu sou grata, muito grata.

Talvez, se um dia as palavras em mim secarem, ou sei lá, eu caia na real que sou uma aspirante a escritora muito melosa e sem talento, e pare de escrever, eu sempre vou ter tudo o que escrevi pra lembrar o quanto tudo isso é bom, o quanto te amar é bom, o quanto brilhar de felicidade por escrever é bom, o quanto é bom ver as palavras fluindo tão leves.

Gabriele Laco.

terça-feira, 14 de julho de 2015

O personagem real e o adeus final ao alter ego

A Gessica morreu, sua missa de sétimo dia já aconteceu, aguardo a de um mês, depois sei que vou esquecer da data e lembrar apenas anualmente, e olhe lá.
Ela era realmente ruim, para as pessoas a minha volta, e especialmente para mim. Não sinto um pingo de saudade dela, mas se disser que ela não era um dos meus alicerces emocionais, isso seria uma grande mentira. Ela se foi e um vazio se instaurou no lugar dela, pois jamais havia ido realmente embora, como agora. Tornou-se um membro amputado, que mesmo após a amputação, permanece o tato e as sensações.
O luto, talvez até inconsciente, está passando aos poucos. Posso afirmar que é ótimo olhar-se no espelho e enxergar-se com todos os defeitos, e especialmente qualidades, sem crer que é presunção pura.
É ótimo amar-se, sentir-se bela, e até mesmo linda, ler o que escrevo com tanto amor e pensar "epa, não é tão ruim assim", (mesmo os erros de ortografia me atormentando), cobrar-se menos e lembrar que tenho apenas 17 anos, ter fé e persistência que um dia chego "lá".
Enfim, é ótimo sair do buraco, da zona de conforto e por medo em meus medos. Sobre a Gessica? Já não sinto raiva, apenas pena, esse tinha que ser o fim dela e nada mais.
Sou deusa de mim mesma, e assumo todos os meus reinos

Gabriele Laco.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Transbordo

Quando atravessou a rua com os olhos brilhando de surpresa e um sorriso bobo de orelha a orelha, fez meu coração transbordar, como um balde cheio d'água. Ta aí, uma ótima definição para o que sinto, ou melhor, o que ele me faz sentir.
Não é o sorriso compreensivo e debochado, os olhos doces e rígidos, o corpo esguio, que me esquenta  por baixo das cobertas, ou as mãos geladas que pousam em minhas coxas. Sim, óbvio que sim, seu corpo é um bálsamo para meus olhos e para meu corpo, me desperta e me sacia, na mesma intensidade. É por mais. Transbordo por muito mais que apenas teu corpo, é uma questão de enxergar além do que está diante dos olhos.
Permito-me ser presunçosa, pois de ti eu conheço, tão bem quanto tu me desmonta e decifra com um olhar. Teu corpo e alma, são morada dos sentimentos bons, tu erradia energias, que me envolvem, aceleram, transbordam. Até tuas palavras de repreensão, soam doces, pois no fundo se ouve uma nota de carinho e preocupação.
Tu me transborda, pega meu balde de água, vulgo coração, e sacode, me inundando dos sentimentos e e emoções bons que possuo. Meu corpo inteiro sorri com a tua presença, sorri tanto que a carranca se desfaz.

Eu me transbordo pra ti!

Gabriele Laco.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

¡Adiós, Gessica!

É isso Gessica! Me liberto, alforria!
Por longos anos você me humilhou, inferiorizou, torturou, aprisionou... Fez isso sem dó e nem um pingo de piedade, usou todo tipo de armas e golpes sujos, mexeu com a parte mais frágil de mim: minha mente.
Será que não pensou sequer um minuto no quanto você me feriu? Não sentiu nem por um momento pena ou sei lá o quê, daquela menina que chorava nas aulas da 1° série? Eu até hoje, até hoje e nenhum dia a mais, chorava com o mesmo pavor e medo da menina de 7 anos da 1° série. Você transformou minha pré-adolescência em um inferno, fez com que me sentisse burra e feia, por causa de coisas medíocres.
Você é um monstro, e me conhece tão bem, a ponto de me manipular todos esses anos, e abafar as coisas boas que existem em mim.
Sim, Gessica, isso é um adeus! Em mim, você não habita mais, nem um segundo a mais, seu alter ego do mal. Sabe aquela música ¡Adiós, Sophia!? Então ¡Adiós, Gessica! Vá para o fundo do Tártaro, aos pedaços, fazer companhia ao Titã Crônos.
Você me engoliu, mas como os filhos de Crônios eu sobrevivi a seu estomago e voltei, mas forte do que nunca, e assumo todos meus reinos, sou deusa de mim mesma.
¡Adiós, adíos, adíos, adíos, adíos, adíos, bitch!

P.S: A música é ¡Adiós, Sophia! do Esteban Tavares, para os interessados.

Gabriele Laco.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

[RESENHA] Memórias de uma Gueixa

(Editora Imago - Arthur Golden)

Confesso que permaneci sentido durante alguns dias a sensação de participar do mundo das gueixas, tenho muita empatia com livros e personagens e com esse livro não foi diferente. Conheci com esse livro histórias de vida e de gueixas fantásticas, e também percebi como as pessoas tem ideias equivocadas sobre as gueixas, elas são mulheres deslumbrantes, que mesmo completamente cobertas despertam a excitação e imaginação dos homens apenas com um olhar. Mesmo já conhecendo a história e ter chegado até ela através do filme, que é uma adaptação perfeita, lendo o livro me reapaixonei pelos olhos azuis cinzento, guardo esse livro no coração e minha admiração pelas gueixas.

Chiyo, uma menina filha de um velho pescador, que perde a mãe cedo e é posteriormente deixada pela irmã mais velha, é arrancada brutalmente de casa como um ato de caridade, a menina dos olhos que indicavam água em sua personalidade, olhos azuis-cinzentos, tão peculiares, nunca imaginou o que o destino reservou para ela: se tornar uma gueixa.

Quando a mãe de Chyio fica doente, a beira da morte, seu pai, um pescador idoso, vende ela e sua irmã mais velha como escravas, para serem levadas a Kioto e talvez lá terem um futuro melhor do que em sua cidade natal, vivendo em sua casa bêbada a beira dor mar. Ao chegar em Kioto, Chyio e Satsu, são separadas, Chyio fica em uma okiya (casa de gueixa), ao chegar ela trabalha como criada, juntamente com uma menina que havia chegado algum tempo antes, a quem Chyio apelida de Abobora. Com a promessa, de que se trabalhar com afinco e se comportasse, ela teria o direito de estudar para se tornar gueixa, como Hatsumomo, a única gueixa da casa e que odeia Chyio desde o primeiro instante.

"Quando eu era mais jovem acreditava que a paixão deve diminuir com a idade, como uma xícara deixada numa sala gradualmente deixará seu conteúdo evaporar-se no ar. Mas quando o Presidente e eu voltamos a meu apartamento bebemos um ao outro com tanto desejo e necessidade que depois eu me senti esvaziada de todas coisas que ele tirara de mim e repleta de todas as coisas que eu tomara dele."

Chyio perde sua chance de se tornar uma gueixa, após tentar fugir com sua irmã, ela acaba sendo descoberta e uma irmã foge sem ela. Depois de algum tempo infeliz e sem esperanças, pensando que estava condenada a servidão eterna, ela encontra um homem, ao qual chama de Presidente, ele se mostrou muito bondoso com ela. Em seguida disso ela promete a si mesma que tornaria-se uma gueixa para reencontrar com aquele homem que foi tão gentil com uma criança estranha.

E como a água segue seu curso, Chyio começa a ser treinada por uma das gueixas mais conhecidas e bem-sucedidas do Japão e que partilhava com Chyio o ódio de Hatsumomo. Mameha torna ela em uma gueixa conhecida e desejável, que após sua estreia é renomeada de Sayuri. Dia após dia passando por cima das dificuldades e deixando Hatsumomo mais fraca com suas armações e difamações.

" -Mocinhas esperam toda a sorte de bobagens, Sayuri. Esperanças são como enfeites de cabelo. Mocinhas querem usá-los em demasia , mas quando envelhecem parecem tolas mesmo se usarem só um."

Mostrando todo processo da vida de uma gueixa, desde a escola de gueixas, sua estreia, seu mizuage (perda da virgindade), até sua consolidação como gueixa adulta aos 18 anos. Sua passagem pela 2° Guerra Mundial, todo seu amadurecimento, superação, dores e amores.

É realmente um livro especial, principalmente para quem admira a cultura oriental. Um livro que diz tudo no título, pois são realmente memórias de uma vida inteira, que deixa a dúvida se é realmente uma ficção ou não, pela riqueza de detalhes. Uma obra muito bela que vale a pena ser apreciada.

Gabriele Laco.

terça-feira, 16 de junho de 2015

Apenas Peso

O dia passou pesado, como aqueles dias que o céu está carregado de nuances de cinza escuro, deixando tudo tão mais sombrio, mas hoje pelo contrário, o dia estava lindo, com céu azul e nuvens transparentes cruzando o céu.

Diferente de tantas outras vezes que me fechava magoada no meu mundo e as pequenas coisas do dia me alegravam, hoje foi ao contrário, acordei com uma disposição assombrosa, rara de pertencer a mim.

Ao pegar o ônibus lotado pela manhã, me deparo com um menino que não deveria ter mais que cinco anos dormindo em pé encostado em uma das paredes do ônibus, enquanto sua mãe conversava com uma mulher que estava sentada. A pergunta que rondou meus pensamentos naquele instante foi: "será que ninguém está vendo essa criança dormindo de pé?". A vida não é fácil, e todos sabemos disso, mas por que não poupar a pobre criança que acordou por volta das 06:30 hrs da manhã, em pleno frio, por que não dar seu lugar? Se é desgastante para mim acordar tão cedo e ir esmagada em um ônibus cheio, imagine a criança que é menos resistente que os demais a sua volta. Parece uma tremenda bobagem de minha parte, mas essa pequena desatenção das pessoas a minha volta mexeu comigo.

A tarde fiquei sabendo de uma noticia que envolvia uma menina, uma colega antiga de escola, estudamos todo fundamental juntas, ela estava internada em uma clinica psiquiátrica por se encontrada na rua desmaiada por excesso de droga. Sinceramente, no instante que fiquei sabendo não me afetou, mas depois parando para pensar na menina de voz macia, que eu adorava em segredo ouvir sua voz enquanto lia textos na sala, de uma beleza tão distinta, acabará chegado nesse ponto da vida sendo tão jovem. Nem eramos amigas, nunca fomos, mas quando eu tinha 6 anos nunca imaginei como nossas vidas mudariam em 10 anos, espero muito que ela se encontre.

Ainda nessa mesma tarde, fiquei sabendo de uma comunidade carente de minha cidade, não parece tão grave até nos chocar. A moça que relatava o caso faz um projeto com algumas crianças de lá e ao dizer as coisas que escutou me surpreendi. Coisas como: "tia, sua mãe também é maconheira?" ou "tia, comi aquela menina ontem ali atras " e esse menino da última pergunta tinha apenas 9 anos, idade que minha irmã tem e brinca de bonecas ainda.

Todas essas coisas me tocaram e deixaram-me com um peso surpreendente. Não sou a cidadã mais consciente, mas sempre tento fazer minha parte, mesmo sendo pouca. Tem dias que estou triste ou sei lá o que e o simples fato de um estranho sorrindo pra mim me alegra, como hoje um senhor que cuida carros foi simpático comigo e me presenteou com um sorriso, tenho certeza que os dias dele não são fáceis, mas mesmo assim ele ainda foi capaz de ser gentil com uma estranha. São coisinhas tão simples, mas que deixam a vida melhor e não custam nada, só beneficiam. Se eu que não estou imergida nas drogas ou não pertenço a uma comunidade carente e minha vida não é tão dura quanto a deles por que não posso sorrir para criança e ceder meu lugar para ela? Pequenas coisas que vou continuar fazendo e muitas que ainda vou melhorar.

Desculpe se foi um texto cansativo e nada bem escrito, mas o peso desse dia pesa sobre minhas mãos e mente, se tornando difícil embelezar qualquer coisa.

Gabriele Laco




quinta-feira, 4 de junho de 2015

[RESENHA] O Diário de Anne Frank

( Editora BestBolso, edição definitiva por Otto H. Frank e Mirjam Pressler)


Olá gente, hoje irei resenhar um livro que particularmente mexeu muito comigo, além de que, eu por volta dos meus 12/13 anos era muito parecida com ela, desde os conflitos com a mãe, por se sentir sozinha, pela paixão por escrever, até pela perspectiva de mundo, ainda sou parecida, mas quando era mais jovem as semelhanças eram mais gritantes. Também pela maneira dura que é o final, quando comecei a ler não me comovi como me comovo ao ver outros relatos de guerra, sejam ficção ou baseado em fatos reais, mas em menos da metade do livro e já sabendo o final eu comecei a me envolver tanto com ela e com todos do Anexo Secreto, e o que mais dói é realizar que eram pessoas como nós que foram injustiçadas e foram submetidas a tanto sofrimento por conta de terem nascidos judeus, como se isso fosse uma escolha. Mesmo com todos os sonhos que Anne não conseguiu realizar, ela conseguiu se eternizar como sonhava e ser ouvida a partir de seus relatos que são tão singelos e característicos de uma adolescente marcada por um dos fatos mais tristes e cruéis da história. Então vamos ao que interessa.

"Como, sem dúvida, você pode imaginar, nós costumamos perguntar, em desespero: "Qual é o sentido de guerra? Por que, por que as pessoas não podem viver juntas em paz? Por que toda essa destruição?" 
A pergunta é compreensível, mas até agora ninguém encontrou uma resposta satisfatória. Por que a Inglaterra fabrica aviões e bombas maiores e melhores e, ao mesmo tempo, constrói casas novas? Por que gastam milhões com a guerra a cada dia, enquanto não existe um centavo para ciência médica, para artistas e para os pobres? Por que as pessoas têm de passar fome, quando montanhas de comida apodrecem em outras partes do mundo? Ah, por que as pessoas são tão malucas?"

Annelies Marie Frank, mas conhecida como Anne Frank nasceu em 1929, na Alemanha, filha de Otto Frank, banqueiro e Edith Frank, dona de casa e irmã mais nova de Margot Frank. Aos 4 anos sua família emigra para Holanda, Amsterdã com chegada de de Adolph Hitler em 1933. Em 1942 com a perseguição aos judeus e minorias deflagrada a família Frank e mais quatro pessoas ( com pseudônimo de família van Dan e Albert Dussel), se escondem no sótão do escritório de Otto Frank. Eles se mantem escondidos durante dois anos, até serem delatados.

"Não acredito que a guerra seja apenas obra de política e capitalistas. Ah, não, o homem comum é igualmente culpado; caso contrário, os povos e as nações teriam se rebelado há muito tempo! Há uma necessidade destrutiva nas pessoas, a necessidade de demonstrar fúria, de assassinar e matar. E até que toda humanidade, sem exceção, passe por uma metamorfose, as guerras continuarão a ser declaradas, e tudo o que foi cuidadosamente construído, cultivado e criado será cortado e destruído, só para começar de novo!"

O livro inicia com o aniversário de 13 anos de Anne, onde um dos presentes é o seu diário e companheiro inseparável. Anne conta um pouco de sua vida antes do Anexo e a mudança repentina para o esconderijo, dias depois chegam o Sr. e Sra e o filho, Peter van Dan e alguns meses depois o Sr. Dussel. A partir dai Anne retrata o cotidiano e como o confinamento e a tensão de estar em meio a uma guerra torna pequenos problemas, em problemas de escala grandiosa e traz a tona e intensificam os defeitos e qualidades de cada pessoa, suas magoas, tristezas, medos, ranzinzices, bondade, compaixão...



O livro mostra a transformação que acontece em meu a uma guerra e em um confinamento, o livro é interessante por conta disso. Não mostra como é no campo de batalha ou o meio politico, mas mostra pessoas de verdade sobre o relato de um diário que inicialmente é escrito por uma menina que entra na adolescência e se transforma precocemente em uma mulher.

Então para quem gosta de bons livros e história esse livro é perfeito, intenso, cheio de emoções e sentimentos a flor da pele e repleto de sonhos adolescentes. Espero que tenha dado para se identificar com a resenha e que tenha despertado a curiosidade de vocês sobre o livro.

Gabriele Laco.


terça-feira, 2 de junho de 2015

Silêncio, Noite e Liberdade!

Silêncio, Noite e Liberdade!
Acabei de ter uma das melhores conversas da minha vida!
A pouco fechei a janela do meu quarto, estava admirando o céu, a procura de alguma estrela lutando para brilhar e mostrar toda a sua beleza através das nuvens.
O céu estava esplendido, suas nuvens avermelhadas criando formas e desenhos. O vento assoviava canções de ninar e me trazia aquele cheiro de liberdade que só se encontra nas madrugadas de verão. O silêncio conversou comigo como um amigo de muitos anos, sussurrando respostas no meu coração, me proporcionou paz, calma e felicidade, ajudando-me  organizar os meus pensamentos.
Fui chamada a razão pelo céu que me enviou trovões e chuva, como um boa noite e até logo. Me despedi estasiada, sempre que possível voltarei a visitar os meus amigos, pois sem duvida são os melhores conselheiros que já existiu.

O ser humano não precisa de psicólogos ou terapeutas, precisa apenas ouvir o que a natureza nos diz no seu silencio e esplendor.

Gabriele Laco.

sábado, 30 de maio de 2015

[RESENHA] Cidades de Papel

PODE CONTER SPOLIERS 


 (Editora Intrínseca, John Green)


Oi gente, hoje então, como está no título vou tentar resenhar o livro Cidades de Papel do John Green. Sem dúvidas esse livro juntamente com "Quem é você, Alaska?" é um dos meus favoritos, gosto da maneira como Green cria os personagens e como até mesmo os secundários são parte vital da narrativa e como consegue envolver o leitor com os personagens e situações, eu fiquei nervosíssima com o final junto com os personagens. Ok, então vamos ao que interessa.

Quentin Jacobsen tem uma paixão platônica e avassaladora por Margo Roth Spiegelman, que além de ser sua vizinha desde a infância também é sua colega de escola, por quem vive disfarçando olhares apaixonados, sem nunca ter coragem para se declarar. Sendo ela a figura mais popular e influente da escola, e conhecida por suas aventuras e Q conformado com sua posição na hierarquia escolar junto com seus dois amigos: Radar, e seus pais com uma enorme coleção de Papais Noel negros e o nosso querido Ben-Mija-Sangue.

O livro inicia com Margo e Q ainda crianças e sua visita até o Jefferson Park de bicicleta, e o que foi para Q algo assustador, para Margo foi motivo de mistério e investigação: a descoberta de um homem morto em pleno parque. A partir dai Margo começa uma investigação para saber quem era o homem e o motivo de sua morte, no final do dia Margo volta e conta a Q sobre suas investigações, Margo conclui que os fios o homem morto de arrebentaram. Isso não sai da cabeça de Q, e com o passar do tempo eles seguem caminhos diferentes.

Após alguns anos Margo volta a janela de Q, com o rosto pintado de preto e vestida de preto, ela diz a Q que precisa resolver 11 problemas naquela noite e necessita de sua ajuda e da minivan de sua mãe. Após terem deixados algumas pichações e peixes para alguns "amigos", depilarem a sobrancelha de outro e invadirem SunTrust, vulgo Aspargão, Margo fala sobre as cidades de papel, e para encerrar a madrugada eles invadem o SeaWord. Após chegar em casa, Q faz muitos planos, ele não sabia que mais uma vez Margo desapareceria.

"A lista de Margo: 

-3 Bagres inteiros, Embalados separadamente

-Veet (é para Depilar as pernas, Só que não Precisa De barbeador. Fica na parte de cosméticos para Mulheres)

-Vaselina

-6 latas de Mountain Dew

-Uma dúzia de Tulipas

-uma Garrafa De água

-Lenços de papel

-uma Lata de tinta Spray azul"
 --
" - Eu fico impressionada com o fato de você achar essa merda toda remotamente interessante.

- O quê?

- Universidade: entrar ou não. Confusão: se meter ou não. Colégio: tirar dez ou dois. Carreira: ter ou não. Casa: pequena ou grande, própria ou alugada. Dinheiro: ter ou não. É tudo muito chato"

No outro dia Margo não aparece na escola e como sempre deixa pistas inteligentes, dessa vez para Q, mas ela não contava com a paixão e afinco de Q de encontra-lá. Q junto com seus amigos logo encontram as pistas a partir da persiana de Margo que leva as outras pistas e consequentemente aos bairros fantasmas e encontram mais pistas lá. Até que algumas semanas após seu desaparecimento e exatamente no dia da colação de grau, Q finalmente descobre o significado de cidades de papel e seu paradeiro, ele comunica seus amigos e no final das contas partem contra o tempo Ben, Radar e Lacey a procura do mistério Margo Roth Spiegelman.

O final para muitos tenha sido uma decepção, mas o livro inteiro é um completo mistério até o fim, causou em mim e creio que em outros leitores um misto de muitos sentimentos e reflexões, Quentin é um rapaz tão amável e corajoso e Margo só terá a compreensão de poucos, como teve de mim.
Enfim, é o tipo de livro difícil de parar de ler, uma leitura que flui sem esforço algum e de repente já estamos no final, Green mais uma vez mostrou que fez uma pesquisa muito grande para criação dessa obra e que é um excelente escritor. Um livro recomendado a todos, sem restrições.

Gabriele Laco.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Sábado Cinza

Naquele sábado chuvoso, com o céu em várias camadas de cinza, sua roupa molhada, naquela maldita parada de ônibus, onde passavam todos os ônibus menos o seu, as lagrimas rolavam por seu rosto, poucas lagrimas, mas com um peso enorme. 
Foi quando ele disse para ela ir e lhe deu um beijo seco na testa, que ela foi com o peito inflado de orgulho e o coração acelerado. Orgulho que nunca dura muito tempo ao se tratar dele, logo veio a dor, magoa e decepção. 
Só queria o minimo de reconhecimento, pelo carinho e amor que doava. Aquela semana havia sido tão agitada, com tantas febres, visitas ao hospital e hora certa para cada remédio, se preocupava e isso doía. Gostaria apenas do minimo de retribuição, pois até mesmo sem retribuição continuaria ali, ao seu lado, lhe cuidando e lhe amando incondicionalmente. 
Ao chegar em casa e ao tomar um banho quente, mais lagrimas rolaram, estava incrédula por se importar com tamanha bobagem, o coração amarrotado de ressentimento. 
O telefone tocou e alguns gritos se instauraram, uma briga tão inútil e tão passageira, qual necessidade de machucar quem se ama, mesmo sem querer, por que não compreender o lado do outro ao invés de julgar e "fazer pouco". 
No final das contas e da noite, com os olhos inchados e dor de cabeça, foi no calor do corpo dele e o seu cheiro que aliviou toda dor, foi nos braços dele onde dormiu a noite inteira um maravilhoso sono e pela manhã ao abrir os olhos se sentiu feliz por estar ali, impossível não conter um sorriso ao abrir os olhos e ver o acaso mais bonito da sua vida bem ali, a centímetros de distancia. 

Gabriele Laco


sexta-feira, 22 de maio de 2015

Margo da minha vida

Menina onde é que tu está? Pra onde foste? Em qual Caverna de Troll tu te esconde?
Avassalador saber que a menina da sobrancelha grossa e da perna comprida sumiu. Puf! Em um toque de mágica ou talvez não tenha sido mágica, só a necessidade de fugir da batalha constante. 
Meu senso de preocupação apitou, a mente deu aquele estalo característico de fazer o coração dar um salto até a boca. Lembrei da tristeza que espreitava lá no fundo dos teus olhos castanhos, nunca se sabe o que o bichinho da tristeza é capaz de fazer com alguém. 
Diferente de Margo, não houve pistas, nem recados e nem portas fora dos batentes, e se houvesse não seriam destinados a mim. Meu papel é apenas relatar a mulher incrível que tu é, apreciar teu leve cheiro de cigarro e torcer para que tu volte logo, sã e salva. 

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Velho amigo

Não vejo outra maneira de começar a escrever sem ser dizendo que fiquei triste.
Eu sei, faz tanto tempo e não foi nada de excepcional, mas o que  minha memória me permite lembrar é que foi bom aquele um ano e meio periodicamente juntos. Eu fui uma criança feliz o teu lado, uma criança que estava se descobrindo, no início de uma adolescência que posteriormente eu acharia interminável.
Tu era um rapazinho tão bonito, com o cabelo meio ondulado, a pele branquinha e um sotaque carioca que era tua marca. Senti tua falta com a partida sem explicação, tu foi pra tão longe... longe de mim.
Ao longo desses anos sem ter contato algum, senti tua falta e histórias engraçadas eu contei sobre nós, histórias que com o tempo voaram da memória e que se me perguntarem hoje, talvez eu não lembre mais.
Mas ontem em meio a milhões de pensamentos, eu te vi e revi, mau pudi acreditar. O meu amigo que a tanto não via estava ali, bem ali, em uma fila de mercado. Santo Deus! Minha cabeça deu uma girada, será que falo ou não falo? Falei. Foi um decepção tão grande.
Meu coração rachou um pouco com tanta frieza e tensão, não imaginava que iria te reencontrar assim e ter uma recepção tão... triste. Gostaria de beijos e abraços, o número do teu celular... Tu me reconheceu muito bem, se ainda não lembrasse eu ficaria menos triste, mas não.
Ao que parece nossa importância um na vida do outro não foi reciproca. Só gostaria de relatar que doeu um pouco, mas vou guardar as lembranças felizes do curto prazo da minha infância que tive o prazer de compartilhar com o menino do cabelo ondulado e do sotaque carioca.

Gabriele Laco

domingo, 10 de maio de 2015

Alucinação?

Os olhos eram orbitas negras, como um buraco negro que tudo absorvia e nada devolvia, olhos cheios malicia e sarcasmo, a pele era convidativa e constantemente tentava minhas mãos para um passeio, os cabelos ondulados tão escuros quanto os olhos, seu corpo de uma beleza nada excepcional, mas que tinham um poder absoluto sobre mim e de certa forma me causavam medo do que encontraria me entregando a ele.
Seu corpo nunca conheci, minha imaginação e criatividade voam longe ao pensar nele, em como seria desbravar cada parte, em toca-lo, acaricia-lo e beija-lo lentamente, uma questão que sempre ira ficar no pensamento e por conta da imaginação.
A maneira como o cigarro pendia na boca, o jeito que cruzava as pernas para fumar seu cigarro enquanto tomava café e como ficava bem com aquela manta xadrez, pequenas coisas insignificantes para os outros, mas para meus olhos e todo meu corpo causava um desejo e admiração absurdo.
Se camuflava em meio a multidão, não faço ideia de como conseguia, tinha um brilho especial, que poucas pessoas possuem, era um mistério, nunca soube por que me escolheu para me confiar alguns mistérios daqueles olhos.
A maneira como ele se foi sem dizer ao menos adeus, sem deixar um bilhete ou dizer quando voltaria me doeu, ele me fez sentir viva e de repente sumiu. Depois de algum tempo percebi que jamais deveria esperar um adeus ou um bilhete, aqueles olhos absorviam, mas nada devolviam.
Eu ainda lhe procuro pelas multidões ou em meio de livros e cigarros, mas ele se camufla muito bem, já não sei se foi real ou apenas uma alucinação, a unica certeza que tenho é que sinto falta das mãos geladas dele aninhando as minhas pequenas mãos.

Gabriele Laco

terça-feira, 28 de abril de 2015

Aquela mulher

Ela tinha um leve cheiro gostoso de cigarro, cheiro que se fundia ao seu próprio e tornava tudo tão mais aconchegante, tinha sobrancelhas grossas, pernas e cabelos longos.

Ela mexeu comigo, me balançou, como aquelas poucas e raras pessoas que é preciso apenas meia duzia de palavras e tu te flagra com sorriso largo e olhos brilhando, pasmo como uma criança perante a um brinquedo novo, no meu caso, estarrecido com tanta inteligencia e beleza. Aquela mulher era de um brilho próprio, era tão ela, se destacava por não ser igual a tantas por ai.

Fiz meu julgamento superficial, mas vi, talvez com minha miopia distorcendo as coisas, uma tristeza, não exposta explicitamente, mas discreta e espontânea como algo fixo e rotineiro, mas não sei o que se espreita lá no fundo, tristeza ou felicidade, sombra ou luz...

Eu mera criança queria apenas que aquela mulher me pegasse pela mão e me levasse junto dela, por onde ela fosse, pouco me importava o lugar, queria sua companhia para uma vida inteira ou até meu ponto de ônibus.

Que tudo acabasse dali à 60 anos em um velório ou com um aceno de mão de dentro do meu ônibus.

Gabriele Laco.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Eu lírico

Cabelos loiros escuros arrepiados, braços compridos, costas estreitas, mãos e pés gigantes, unhas pequenas, pernas grandes, um sorriso largo, lindo e bobo, os olhos são orbitas cor de mel que me adoçam, a levantada de sobrancelha que tem história, minha obsessão por beijar teu queixo, a ponta do nariz e pescoço. Viu? Não consigo manter uma coerência de fatos quando se trata de ti, me vem milhões de lembranças na mente, impossível não sorrir e sentir saudade.
Sabe aquela musica que diz assim "me disseram que você estava chorando e foi então que eu percebi como lhe quero tanto"? Pois é, com a única exceção que ninguém me contou, eu vi teus olhos tão grandes, marejados e vermelhos, envoltos em uma confusão e talvez medo. Agora sem firula, falando sério, te ver daquela maneira me desarmou, eu só queria te envolver nos meus minúsculos braços e sentir teu calor no meu corpo, até toda confusão e todo resto passasse, eu percebi que te quero muito mais que imaginava. 
Naquele banco de praça, com todos aqueles pais com seus filhos, aquele casal que parecia tão feliz com a menininha ruiva eu reforcei minha ideia de ter um futuro ao teu lado, mas por alguns minutos abandonei tudo, bifurquei os planos e tive vontade de ir embora depois de ouvir tantos "não sei", eu estava ali, dando a cara a tapa e me transformando pra ti, mudando, querendo ser melhor e só ouvia "não sei". Depois de todo aquele papo sem pé e nem cabeça, sem chegar em algum lugar, sem a interpretação do outro, conseguimos desemaranhar o fio e dar as mãos em meio disso tudo. As coisas não foram mais as mesmas e tu sabe disso, mas tudo isso me fortaleceu e me trouxe mais a razão.
Eu penso em ti quase o tempo todo, penso não pensando, isso faz algum sentido? E quando chega a noite e eu pego o ônibus e venho pra casa é tu que quero encontrar, te abraçar e contar como foi o dia, rir das bobagens que falamos, deitar no sofá apertado pra ver Yes, Man! adormecer contigo me fazendo cafuné e acordar no meio da noite e te observar um tempo enquanto tu dorme, penso que sou sortuda por te encontrar tão cedo e nos darmos tão bem, as diferenças fazem parte, chato seria se fossemos iguais, mesmas ideias, nada a acrescentar, fechados em um mundinho. 
E naquele banco de praça em meio a turbilhão de coisas, quando tu olhou nos meus olhos e disse que me amava, que não era pra duvidar disso, eu só queria dizer que não duvido, nunca duvidei, desde o primeiro eu te amo. 

Eu te amo!

Gabriele Laco

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Repulsa

Repulsa. É a palavra que me cabe agora.
Estranho é sentir isso agora, logo agora que as coisas estão tão boas. Talvez seja por isso, por causa que as coisas estão nos conformes que sinto esses sentimentos repulsivos, querendo expelir as coisas boas da minha vida, antes que aconteça algo ruim.
E eu como ser-humano burro e ignorante, que não sabe aproveitar e agradecer as coisas boas que estão acontecendo, que procura problemas, defeitos onde não existe. Por fim, enlouqueço com esse sentimento repulsivo.
Enquanto eu não me aceitar, enquanto eu não for o suficiente pra mim, creio, que não conseguirei ser de alguém por inteira.

Mas por quanto tempo irão me esperar? Quanto tempo vai levar essa aceitação? 

Gabriele  Laco

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Esperar, esperar, esperar...

Cheguei mais cedo em casa, tomei banho e um pouco de café, ouvi um pouco as tuas músicas e fiquei a tua espera. Esperei, esperei, esperei... Parecia que a hora não passava, tinha algo errado com o relógio, não era possível os ponteiros se moverem tão devagar.
Cansei. Deitei na cama e senti teu cheiro no travesseiro e foi automático sorrir, tu me arranca sorrisos melosos e bobos mesmo a quilômetros de distancia. Me senti abraçada no teu cheiro, como se teus braços me envolvessem com todo carinho e ternura de sempre, foi um aconchego tão gostoso e reconfortante.
Meu coração deu uma minimizada na saudade, mas ansiedade de te ver entrando pela porta e vindo me abraçar e me beijar continuava crescente dentro de mim. Me sinto tão boba sentindo saudade sendo que te vi a poucas horas, mas eu adoro dividir os fatos do meu dia contigo e fazer graça com coisas bobas e acabar rindo até a barriga doer, mas é inevitável não te querer, não querer estar perto. Acredito que o lado bom de toda essa saudade que não assola apenas a mim -creio eu-, é que aproveito meu tempo contigo ao máximo, até o ultimo segundo juntos, pois sei que nosso tempo é curto e qualquer desperdício é um ponto a mais pra saudade.
Então, aguardo te ver entrando, lindo como todos os dias por essa porta para te encher de afagos, carinhos e muitos beijos e abraços.

Gabriele Laco

terça-feira, 31 de março de 2015

Uma ultima vez

Não queria escrever sobre isso, mas isso vem me incomodando a algum tempo.
A coisas ficaram mal resolvidas, entre linhas ou nem tanto assim, minha acides natural falou e fez coisas que hoje, não digo que me arrependo, mas deveria existir uma outra maneira de amadurecer sem ter que errar.
Ambos eram bem imaturos e nem sabiam  que queriam ou talvez só eu não soubesse. Não sinto falta e nem saudade, mas uma espécie de carinho ainda existe guardadinha dentro de mim, talvez nem pense em mim, também não me importa.
Enfim, hoje andando na rua vi algumas coisas que me fizeram lembrar, trazendo uma onda de culpa, meu karma Escrevo esse "poema" mal escrito, como um perdão, talvez sem propósito, mas também como uma abdicação de culpa. Mesmo tu não lendo, espero que de alguma forma surreal tu sinta meu sentimento de perdão.

Gabriele Laco. 

quarta-feira, 25 de março de 2015

Não foi o meu sonho

Me arranca sorrisos com as coisas mais bobas, me ama da forma mais pura que já senti, se entrega de uma tal forma, tão verdadeira, intenso, profundo! Sua preocupação me faz sentir mais importante do que sou, o calor dos seus abraços me trazem segurança!
Seu toque me incendeia, seus beijos sempre tão ardentes e carregados de paixão, seu sorriso de canto de boca, sempre malicioso.
Sua manias horrorosas, suas atitudes de criança, suas birras, ciúmes e brincadeiras sem graça.
E mesmo com todas as diferenças, eu ô amo. Eu ô amo da maneira mais errante e esquisita existente em todo o universo!

Seja meu sonho, seja!

Gabriele Laco.

sábado, 14 de março de 2015

Medo

Medo, ansiedade, esperança, felicidade e mais um punhado de medo.
Os sentimentos se fundem, se tornam compostos e irrefreáveis. Só tornam a parar no momento da colisão, quando a dor se junta a esse misto de sentimentos.
As perguntas brotam sem parar. É preciso parar, ou é melhor sentir intensamente? E se doer? E se a história se repetir?

Mas sem duvida alguma, a pergunta mais importante: Ainda existe esperança e coragem pra voltar pra essa batalha?  

Gabriele Laco

terça-feira, 10 de março de 2015

Nenhuma dor também

Seguro as lágrimas, dói tanto ser ignorada. Essa frieza só me machuca ainda mais, pega meu coração espreme até a ultima gota de alegria.
Foi tão difícil sentir, escrever e admitir e agora isso, essa enxurrada de indiferença, como dói!
As palavras que dançavam no ar e os olhos que eram minha morada, se esfaleceram e voaram para longe, como eu disse, alguns infinitos são maiores que os outros, e esse sem duvida chegou ao fim.
Se soubesse o estrago que faria nunca teria me inspirado, jamais teria mostrado. Mas apesar da dor e das lágrima engasgadas na garganta, só tenho agradecer, pois me fez muito feliz, a cada momento que passei junto, cada minuto valeu a pena, guardo as lembranças com carinho.

Então se nenhum amor dura pra sempre, nenhuma dor também. 

Gabriele Laco

sábado, 7 de março de 2015

É errado?

É errado? Eu não consigo entender.
Agora me vejo com os olhos cansados, com o corpo e a mente suplicando por descanso, que apenas o sono irá trazer, e essa música rompe o silêncio do quarto, trazendo lembranças antigas, lembranças que agora parecem ter pertencido a outra pessoa.
Escrevo sem conseguir organizar meus pensamentos, buscando na escrita um refúgio, uma solução. Esperando que as páginas me digam o que devo fazer, para onde ir, como prosseguir.
Sinto-me lisonjeada de ser bem aceita, mas ao mesmo tempo sinto o gosto amargo da traição. Por Deus, foi errado demonstrar meus sentimentos? Não consigo entender por que céus me sinto assim. Culpada. Errada. Como se tivesse cometido uma atrocidade.

Meu corpo e mente se rendem. Durmo com a esperança que o sono traga alívio imediato.

Gabriele Laco

quinta-feira, 5 de março de 2015

Aflição

Aflição é a palavra do dia. Tem algo confuso ou transformando-se dentro do peito.
Ela tem medo que seja uma transformação ruim, que devaste todo trajeto feliz até aqui, ela espera que seja apenas uma confusão passageira e maleável.
Ela não sabe por que isso acontece, as vezes a insatisfação momentânea com a vida abala outras áreas não interligadas, causando uma pequena turbulência, é isso que ela pensa.
Ela vai resolver isso consigo, como uma boa auto psicologa que é. Ela sabe que se afastar dele vai sofrer até o ultimo suspiro de vida, ela ama ele mais que tudo.
Algumas coisas saem do caminho correto, mas como sempre voltam e a estrada continua sendo trilhada com todos altos e baixos do caminho.

Gabriele Laco

terça-feira, 3 de março de 2015

Uma linha

E de uma hora para outra eu conheci seus lábios.
O beijo desajeitado, o toque mal sentido e o constrangimento em sua forma bruta pairando no ar, entrelaçando sorrisos envergonhados.
Só bastou um beijo sem proposito para me ver imergindo na confusão e nos teus olhos tão suaves e convidativos.
Eram olhos tão cheios de mistério, tentei fugir, acreditava que era a coisa certa a fazer e estava completamente errada.
Quanto mais fugia mais perdia o fio da meada, mais frio na barriga sentia e mais apaixonada ficava. Nossas linhas se enroscavam, entrelaçavam, ficaram completamente emaranhadas.
E hoje digo de boca cheia e gritando a todos os ouvidos o quanto sou feliz pelas nossas linhas emaranhadas.

Gabriele Laco.

Preguiça

De todos os sete pecados, diria que o pior é a preguiça.
Preguiça.
Preguiça.
Preguiça.
A preguiça é tão imensa que estou com preguiça de terminar esse poema.
Então meus caros, não deixem se abater por esse mal que assola a humanidade.

Gabriele Laco

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Dor

Inspira, expira, inspira, expira ...
O corpo inativo, dormente e o único lugar onde existe sensibilidade é o foco da dor.
E como dói!
A dor cessa um pouco e volta com força total.
Não tenho vontade de sair da cama, trocar de roupa, tomar banho... Anseio desesperadamente por uma cura, alguma misericórdia do meu corpo ou ao menos uma boa noite de sono.

Gabriele Laco 

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Um poço bem fundo

As vezes pego-me no fundo de um poço, mas ao invés de água, existe apenas tédio, a beira de transbordar.
Realmente, sinto-me péssima. As situações que me rodeiam perdem seu valor ou tornam-se exageradas, lugar algum me satisfaz, nada prende minha atenção. Em meio desse transtorno entram minhas amigas velhas e corocas, irritação e estresse, andam de mãos dadas comigo a uns 17 anos, sinto-me um animal feroz  em cativeiro atiçado, que atacaria qualquer um por instinto.
Sem dizer que em minha vida fui agraciada com pessoas maravilhosas que amo e me amam, tenho pais companheiros e amorosos, uma irmã linda e carinhosa, um melhor amigo intitulado de namorado e eu adoro meus gatos. Odeio sentir-me assim, com todas as minhas forças, pois não tenho motivo algum para entrar nesse estado autodestrutivo psicológico
Mesmo com o quebra-cabeça aparentemente montado, faltam peças que até ontem eram secundarias, mas agora tornaram-se importantes, peças perdidas que fazem-me quebrar a cabeça tentando encontrá-las.
Sigo diariamente retirando baldes de tédio do meu poço psicológico, lutando diariamente contra meu estresse e irritação de animal em cativeiro, sigo lutando juntamente com milhares de pessoas que diariamente tentam esvaziar seu poço.

Gabriele Laco

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Bloqueio

Um prato repleto de porcarias, um copo cheio de porcaria, um livro aberto, uma música rompendo o silencio e uma manhã nublada, tornando tudo melancólico
E esse maldito bloqueio criativo, que por mais que eu tente escrever, não sai nada tragável.   .

Gabriele Laco

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Peixe fora d'água

Sinto um medo muito grande de olhar para o futuro, bate uma vontade de ir correndo pra casa me esconder.
São tantas cobranças amontoadas umas por cima das outras, e tudo acaba virando uma bola de neve que quase me esmaga.
"Estude para o vestibular, mas não esqueça: faça algo que renda muito dinheiro."
"Arrume um emprego, trabalhe feito escravo e viva para pagar contas."
"Case e tenha filhos, você não tem escolha."
"Não fume e não beba, tenha uma vida saudável."
"Troque de carro todo ano, compre uma casa de praia, deixe um legado."
"Gaste tudo que adquiriu na vida tentando escapar da morte."
Talvez o que escrevi seja mal interpretado e pretensioso, mas não quero ser consumida pela minha vida, quero vive-lá sem a imposição, preconceito e criticas alheias, mesmo isso sendo um pouco impossível, quero fazer as escolhas certas e erradas e aprender com todas elas, viver fora das linhas, sem esse caminho pré destinado.
Só não quero me tornar um adulto infeliz e irrealizado por ter seguido ideologias que não acredito, e se me tornar que seja pela minhas escolhas e não pelas escolhas da massa geral.
Talvez todo jovem pense assim, talvez eu esteja nadando contra a correnteza, talvez nada disso de certo ou seja plausível, mas eu quero seguir assim.

Gabriele Laco

Apesar de tudo

Eu olhava e sorria, vendo o quanto aquele ser humano era belo e o quanto ele era essencial para minha sobrevivência. Tão essencial quanto o oxigênio, quanto a água e o calor do sol.
O quanto eu o amava, e mesmo que eu diga que o amo essas palavras jamais vão demonstrar o quanto  de sei lá o que eu sinto por ele.
Como pode ser tão belo e celestial e mesmo assim se entrelaçar por uma mera mortal, que nada tem a oferecer, apenas fragilidade ridícula de um corpo e mente desequilibrado.

E eu o amo cada dia mais, a cada hora, a cada segundo, eu o amarei por toda eternidade, apesar de tudo.

Gabriele Laco

Cair

Que dia lindo, céu azul, sol brilhando, brisa de verão!
E mesmo com a natureza me presenteando com esse espetáculo, a tristeza me doma, monta em mim.
Os dias tem passado sem sentido, tão monótonos, entediantes, me sinto distante das pessoas, como se o meu mundo se resumisse no meu quarto, e mais nada.
Ao meu olhar parece que tudo que construí está desmoronando. Sinto-me sozinha, distante da minha própria vida. Não tenho mais inspiração para escrever, ora, para quem irei mostrar?
Mas o que mais me dói não é a tristeza, solidão e nem toda essa pequena crise existencial. O que me esmaga é essa sensação de substituição, de "chegou ao fim".
Não consigo aceitar ser ignorada, substituída pela minha fonte de maior inspiração, não aceito ser menosprezada, ser jogada de lado.

Isso está me matando, me enferrujando. Me entreguei, me atirei de corpo e alma nesse sentimento, esperando cair nos seus braços, em seus cuidado e carinhos, mas no fim, cai no esquecimento. 

Gabriele Laco

Abstinência

Estou em abstinência!
Abstinência dos seus beijos quentes, dos seus abraços protetores, sorrisos maliciosos.
Me recordo de como era tocar a tua pele, de sentir ela na minha, de sentir teu cheiro.
E todas as vezes que adormeci deitada ao teu lado, descansando a cabeça no teu peito, ouvindo as batidas do teu coração, as vezes que eu te fazia carinho, todas as vezes que me arrancou gargalhadas e todas as vezes que arrumava meu cabelo atras da orelha e me beijava.
Sinto falta, talvez muita. Te amei da maneira mais errante e deplorável possível.
Foi a pior e a melhor experiencia que já tive.
Mas como toda abstinência, essa também vai passar.
Escrevo com um sorriso nos lábios, pois só consigo guardar as lembranças boas.

Gabriele Laco

Um grande erro

Eu sei que isso é errado.
Também sei que essa dependência um dia vai me matar, mas é impossível me desvencilhar disso, não consigo mais me "libertar".
Essa droga que um dia vai me matar é a mesmo remédio que me cura. Ando de mãos dadas com meu assassino e meu curador, ele pode apunhalar meu coração e me matar, como pode cuidar dele.
É loucura e burrice depender de alguém, mas eu não consigo não te querer, minha doença é crônica e eu preciso de doses tua diariamente. Não posso depender de ti pra ser feliz, mas metade da felicidade que tenho em minha vida vem de ti, e eu te amo tanto, do fundo da minha alma doente.
Te procurei inconscientemente durante anos e saber que posso te perder, me assusta tanto. Eu não sei mais viver sem ti, eu sei que isso é assustador, desculpe, eu não consigo mais viver sem os teus abraços, sem o teu cheiro, sem os teus beijos, eu preciso ouvir tua voz todos os dias e ver teus olhos castanhos claros me observando. Não consigo mais não ter isso, estou com um aperto tão grande, uma preocupação do tamanho do mundo agora e isso é ridículo.
Esse medo de te perder, me fez escrever com um fervor e uma intensidade que nunca escrevi antes.

Gabriele Laco

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Ódio?

Essa ansiedade me toma por completa!
Quero sair de casa agora, no meio da noite, com o cabelo desgrenhado e de pijama.
Quero atravessar toda a cidade pra te encontrar, quero roubar um carro e dirigir desgovernada até chegar na tua casa, sem medir a consequências. Só pensar no que pode acontecer depois, depois que eu cair nos teus braços, sentir teu cheiro, te encher de beijos e rir da tua cara de espanto mesclada com felicidade.

E sabe, eu te odeio, sim, EU TE ODEIO, odeio muito por sinal. Odeio como tu consegue me acalmar, e ser tão gentil e cavalheiro, odeio como consegue ao mesmo tempo me bagunçar e me organizar, odeio como está conseguindo a cada dia me amolecer e domar essa gata arisca e o que eu mais odeio é não conseguir odiar tudo isso, não conseguir te odiar, nem um pouco, nem por um segundo.

Gabriele Laco

Fugir

Quero fugir! Não por muito tempo, tampouco para uma vida inteira, só por essa noite.
Um lugar isolado, distante de tudo e todos, onde seja possível organizar os pensamentos, onde tenha solidão. Mas pego-me pensando se anseio por solidão ou pelo acalento do teu abraço? Se desejo um lugar distante ou apenas deitar ao seu lado, descansar em seu peito, ouvir as batidas do teu coração. Até que seu aconchego relaxe meu corpo e mente, e eu possa descansar no calor dos teus braços.

Necessito de ti, aqui e agora, mas já que o mundo não é uma fábrica de realizações de desejos aguardo encontrar no sono o antidoto que amenize a falta que tu me faz.

Gabriele Laco

Tolice

É como um frenesi.
Me mordo, me parto, me esfaleço.
Renasço, revivo, regresso.
A tristeza vem e me banha e com um sorriso a felicidade me veste.
Sentido já perdeu, a música parou o sentindo acabou.
E eu boba continuo... aqui.

Gabriele Laco. 

Doce ou amargo

Como café, doce, forte e quente.
Apenas uma bebericada nos aquece a alma, fortalece o coração e adocica o sorriso.
Os cafés se diferenciam, uns mais doces, outros mais fortes, alguns mais quentes e outros mornos. Mas sempre a um, que nos vicia e nos faz quer-lo cada vez mais.
Até para aqueles que dizem não gostar, por terem a terrível experiencia de ter ficado com amargo do café na boca, mas após degusta-lo novamente, cai de joelhos ao doce que lhe proporciona.
O café tem esse dom, suaviza até a feição mais carrancuda, incendeia o coração mais gélido, fortalece a alma mais devastada.
Seja um paladar inexperiente bebericando seu café com leite ou um paladar calejado de seu café bebido, mas enfim, sendo doce ou amargo ninguém resiste a um bom café.

Gabriele Laco

[RESENHA] Misto Quente

 

Titulo: Misto Quente.
Titulo Original: Han On Rye.
Autor: Charles Bukowski
Gênero: Romance, leitura moderna internacional.
Páginas: 320.
Editora: L&PM. 
Sinopse:  O que pode ser pior do que crescer nos Estados Unidos da recessão pós-1929? Ser pobre, de origem alemã, ter muitas espinhas, um pai autoritário beirando a psicopatia, uma mãe passiva e ignorante, nenhuma namorada e, pela frente, apenas a perspectiva de servir de mão-de-obra barata em um mundo cada vez menos propício às pessoas sensíveis e problemáticas. Esta é a história de Henry Chinaski, o protagonista deste romance que é sem dúvida uma das obras mais comoventes e mais lidas de Charles Bukowski (1920-1994).
Verdadeiro romance de formação com toques autobiográficos, Misto-quente (publicado originalmente em 1982) cativa o leitor pela sinceridade e aparente simplicidade com que a história é contada. Estão presentes a ânsia pela dignidade, a busca vã pela verdade e pela liberdade, trabalhadas de tal forma que fazem deste livro um dos melhores romances norte-americanos da segunda metade do século 20. Apesar de ser o quarto romance dos seis que o autor escreveu e de ter sido lançado quando ele já contava mais de sessenta anos, Misto-quente ilumina toda a obra de Bukowski. Pode-se dizer: quem não leu Misto-quente, não leu Bukowski.
Um livro escolhido pela capa e que se tornou uma belíssima surpresa, anteriormente já havia ouvido falar do Bukowski, mas não levava muita fé que era realmente bom, então em uma passada pela livraria não sabia qual livro levar e escolhi esse por intuição mesmo, não me arrependi nem um pouco, minha paixão pelos livros do Bukowski é crescente, já li alguns e é sempre uma leitura muito agradável e nada cansativa.
Misto Quente é um romance-autobiográfico, que conta a história do alter ego de Bukowski, Henry Chinaski que vai da infância até a faculdade.
Inicia contando sobre sua infância  com uma família conturbada, hipócrita e moralista, um pai brutamontes de quem levava surras sem motivos, brigas com os valentões da escola e sonhos de criança.
Na adolescência começa sua admiração por grandes escritores,  gosto por mulheres, que é algo marcante e nada peculiar e tendo que lidar com uma súbita crise de acnes que o deixam com o corpo e rosto marcados, também marcados por  brigas frequentes.
Sua fase adulta é marcada pela Segunda Guerra Mundial, sua vontade de escrever , muitas bebedeiras, brigas e miséria.
Bukowski escreve de uma forma coloquial, sem firula e palavras rebuscadas, com um vocabulario a moda Bukowski, com palavrões e xingamentos muito bem empregados e cômicos, o que  torna uma leitura muito agradável e nada cansativa. Bukowski é um narrador que domina o que escreve e também o leitor, tornando-se impossível abandonar o livro depois de começado. 

Gabriele Laco.