sexta-feira, 19 de junho de 2015

[RESENHA] Memórias de uma Gueixa

(Editora Imago - Arthur Golden)

Confesso que permaneci sentido durante alguns dias a sensação de participar do mundo das gueixas, tenho muita empatia com livros e personagens e com esse livro não foi diferente. Conheci com esse livro histórias de vida e de gueixas fantásticas, e também percebi como as pessoas tem ideias equivocadas sobre as gueixas, elas são mulheres deslumbrantes, que mesmo completamente cobertas despertam a excitação e imaginação dos homens apenas com um olhar. Mesmo já conhecendo a história e ter chegado até ela através do filme, que é uma adaptação perfeita, lendo o livro me reapaixonei pelos olhos azuis cinzento, guardo esse livro no coração e minha admiração pelas gueixas.

Chiyo, uma menina filha de um velho pescador, que perde a mãe cedo e é posteriormente deixada pela irmã mais velha, é arrancada brutalmente de casa como um ato de caridade, a menina dos olhos que indicavam água em sua personalidade, olhos azuis-cinzentos, tão peculiares, nunca imaginou o que o destino reservou para ela: se tornar uma gueixa.

Quando a mãe de Chyio fica doente, a beira da morte, seu pai, um pescador idoso, vende ela e sua irmã mais velha como escravas, para serem levadas a Kioto e talvez lá terem um futuro melhor do que em sua cidade natal, vivendo em sua casa bêbada a beira dor mar. Ao chegar em Kioto, Chyio e Satsu, são separadas, Chyio fica em uma okiya (casa de gueixa), ao chegar ela trabalha como criada, juntamente com uma menina que havia chegado algum tempo antes, a quem Chyio apelida de Abobora. Com a promessa, de que se trabalhar com afinco e se comportasse, ela teria o direito de estudar para se tornar gueixa, como Hatsumomo, a única gueixa da casa e que odeia Chyio desde o primeiro instante.

"Quando eu era mais jovem acreditava que a paixão deve diminuir com a idade, como uma xícara deixada numa sala gradualmente deixará seu conteúdo evaporar-se no ar. Mas quando o Presidente e eu voltamos a meu apartamento bebemos um ao outro com tanto desejo e necessidade que depois eu me senti esvaziada de todas coisas que ele tirara de mim e repleta de todas as coisas que eu tomara dele."

Chyio perde sua chance de se tornar uma gueixa, após tentar fugir com sua irmã, ela acaba sendo descoberta e uma irmã foge sem ela. Depois de algum tempo infeliz e sem esperanças, pensando que estava condenada a servidão eterna, ela encontra um homem, ao qual chama de Presidente, ele se mostrou muito bondoso com ela. Em seguida disso ela promete a si mesma que tornaria-se uma gueixa para reencontrar com aquele homem que foi tão gentil com uma criança estranha.

E como a água segue seu curso, Chyio começa a ser treinada por uma das gueixas mais conhecidas e bem-sucedidas do Japão e que partilhava com Chyio o ódio de Hatsumomo. Mameha torna ela em uma gueixa conhecida e desejável, que após sua estreia é renomeada de Sayuri. Dia após dia passando por cima das dificuldades e deixando Hatsumomo mais fraca com suas armações e difamações.

" -Mocinhas esperam toda a sorte de bobagens, Sayuri. Esperanças são como enfeites de cabelo. Mocinhas querem usá-los em demasia , mas quando envelhecem parecem tolas mesmo se usarem só um."

Mostrando todo processo da vida de uma gueixa, desde a escola de gueixas, sua estreia, seu mizuage (perda da virgindade), até sua consolidação como gueixa adulta aos 18 anos. Sua passagem pela 2° Guerra Mundial, todo seu amadurecimento, superação, dores e amores.

É realmente um livro especial, principalmente para quem admira a cultura oriental. Um livro que diz tudo no título, pois são realmente memórias de uma vida inteira, que deixa a dúvida se é realmente uma ficção ou não, pela riqueza de detalhes. Uma obra muito bela que vale a pena ser apreciada.

Gabriele Laco.

terça-feira, 16 de junho de 2015

Apenas Peso

O dia passou pesado, como aqueles dias que o céu está carregado de nuances de cinza escuro, deixando tudo tão mais sombrio, mas hoje pelo contrário, o dia estava lindo, com céu azul e nuvens transparentes cruzando o céu.

Diferente de tantas outras vezes que me fechava magoada no meu mundo e as pequenas coisas do dia me alegravam, hoje foi ao contrário, acordei com uma disposição assombrosa, rara de pertencer a mim.

Ao pegar o ônibus lotado pela manhã, me deparo com um menino que não deveria ter mais que cinco anos dormindo em pé encostado em uma das paredes do ônibus, enquanto sua mãe conversava com uma mulher que estava sentada. A pergunta que rondou meus pensamentos naquele instante foi: "será que ninguém está vendo essa criança dormindo de pé?". A vida não é fácil, e todos sabemos disso, mas por que não poupar a pobre criança que acordou por volta das 06:30 hrs da manhã, em pleno frio, por que não dar seu lugar? Se é desgastante para mim acordar tão cedo e ir esmagada em um ônibus cheio, imagine a criança que é menos resistente que os demais a sua volta. Parece uma tremenda bobagem de minha parte, mas essa pequena desatenção das pessoas a minha volta mexeu comigo.

A tarde fiquei sabendo de uma noticia que envolvia uma menina, uma colega antiga de escola, estudamos todo fundamental juntas, ela estava internada em uma clinica psiquiátrica por se encontrada na rua desmaiada por excesso de droga. Sinceramente, no instante que fiquei sabendo não me afetou, mas depois parando para pensar na menina de voz macia, que eu adorava em segredo ouvir sua voz enquanto lia textos na sala, de uma beleza tão distinta, acabará chegado nesse ponto da vida sendo tão jovem. Nem eramos amigas, nunca fomos, mas quando eu tinha 6 anos nunca imaginei como nossas vidas mudariam em 10 anos, espero muito que ela se encontre.

Ainda nessa mesma tarde, fiquei sabendo de uma comunidade carente de minha cidade, não parece tão grave até nos chocar. A moça que relatava o caso faz um projeto com algumas crianças de lá e ao dizer as coisas que escutou me surpreendi. Coisas como: "tia, sua mãe também é maconheira?" ou "tia, comi aquela menina ontem ali atras " e esse menino da última pergunta tinha apenas 9 anos, idade que minha irmã tem e brinca de bonecas ainda.

Todas essas coisas me tocaram e deixaram-me com um peso surpreendente. Não sou a cidadã mais consciente, mas sempre tento fazer minha parte, mesmo sendo pouca. Tem dias que estou triste ou sei lá o que e o simples fato de um estranho sorrindo pra mim me alegra, como hoje um senhor que cuida carros foi simpático comigo e me presenteou com um sorriso, tenho certeza que os dias dele não são fáceis, mas mesmo assim ele ainda foi capaz de ser gentil com uma estranha. São coisinhas tão simples, mas que deixam a vida melhor e não custam nada, só beneficiam. Se eu que não estou imergida nas drogas ou não pertenço a uma comunidade carente e minha vida não é tão dura quanto a deles por que não posso sorrir para criança e ceder meu lugar para ela? Pequenas coisas que vou continuar fazendo e muitas que ainda vou melhorar.

Desculpe se foi um texto cansativo e nada bem escrito, mas o peso desse dia pesa sobre minhas mãos e mente, se tornando difícil embelezar qualquer coisa.

Gabriele Laco




quinta-feira, 4 de junho de 2015

[RESENHA] O Diário de Anne Frank

( Editora BestBolso, edição definitiva por Otto H. Frank e Mirjam Pressler)


Olá gente, hoje irei resenhar um livro que particularmente mexeu muito comigo, além de que, eu por volta dos meus 12/13 anos era muito parecida com ela, desde os conflitos com a mãe, por se sentir sozinha, pela paixão por escrever, até pela perspectiva de mundo, ainda sou parecida, mas quando era mais jovem as semelhanças eram mais gritantes. Também pela maneira dura que é o final, quando comecei a ler não me comovi como me comovo ao ver outros relatos de guerra, sejam ficção ou baseado em fatos reais, mas em menos da metade do livro e já sabendo o final eu comecei a me envolver tanto com ela e com todos do Anexo Secreto, e o que mais dói é realizar que eram pessoas como nós que foram injustiçadas e foram submetidas a tanto sofrimento por conta de terem nascidos judeus, como se isso fosse uma escolha. Mesmo com todos os sonhos que Anne não conseguiu realizar, ela conseguiu se eternizar como sonhava e ser ouvida a partir de seus relatos que são tão singelos e característicos de uma adolescente marcada por um dos fatos mais tristes e cruéis da história. Então vamos ao que interessa.

"Como, sem dúvida, você pode imaginar, nós costumamos perguntar, em desespero: "Qual é o sentido de guerra? Por que, por que as pessoas não podem viver juntas em paz? Por que toda essa destruição?" 
A pergunta é compreensível, mas até agora ninguém encontrou uma resposta satisfatória. Por que a Inglaterra fabrica aviões e bombas maiores e melhores e, ao mesmo tempo, constrói casas novas? Por que gastam milhões com a guerra a cada dia, enquanto não existe um centavo para ciência médica, para artistas e para os pobres? Por que as pessoas têm de passar fome, quando montanhas de comida apodrecem em outras partes do mundo? Ah, por que as pessoas são tão malucas?"

Annelies Marie Frank, mas conhecida como Anne Frank nasceu em 1929, na Alemanha, filha de Otto Frank, banqueiro e Edith Frank, dona de casa e irmã mais nova de Margot Frank. Aos 4 anos sua família emigra para Holanda, Amsterdã com chegada de de Adolph Hitler em 1933. Em 1942 com a perseguição aos judeus e minorias deflagrada a família Frank e mais quatro pessoas ( com pseudônimo de família van Dan e Albert Dussel), se escondem no sótão do escritório de Otto Frank. Eles se mantem escondidos durante dois anos, até serem delatados.

"Não acredito que a guerra seja apenas obra de política e capitalistas. Ah, não, o homem comum é igualmente culpado; caso contrário, os povos e as nações teriam se rebelado há muito tempo! Há uma necessidade destrutiva nas pessoas, a necessidade de demonstrar fúria, de assassinar e matar. E até que toda humanidade, sem exceção, passe por uma metamorfose, as guerras continuarão a ser declaradas, e tudo o que foi cuidadosamente construído, cultivado e criado será cortado e destruído, só para começar de novo!"

O livro inicia com o aniversário de 13 anos de Anne, onde um dos presentes é o seu diário e companheiro inseparável. Anne conta um pouco de sua vida antes do Anexo e a mudança repentina para o esconderijo, dias depois chegam o Sr. e Sra e o filho, Peter van Dan e alguns meses depois o Sr. Dussel. A partir dai Anne retrata o cotidiano e como o confinamento e a tensão de estar em meio a uma guerra torna pequenos problemas, em problemas de escala grandiosa e traz a tona e intensificam os defeitos e qualidades de cada pessoa, suas magoas, tristezas, medos, ranzinzices, bondade, compaixão...



O livro mostra a transformação que acontece em meu a uma guerra e em um confinamento, o livro é interessante por conta disso. Não mostra como é no campo de batalha ou o meio politico, mas mostra pessoas de verdade sobre o relato de um diário que inicialmente é escrito por uma menina que entra na adolescência e se transforma precocemente em uma mulher.

Então para quem gosta de bons livros e história esse livro é perfeito, intenso, cheio de emoções e sentimentos a flor da pele e repleto de sonhos adolescentes. Espero que tenha dado para se identificar com a resenha e que tenha despertado a curiosidade de vocês sobre o livro.

Gabriele Laco.


terça-feira, 2 de junho de 2015

Silêncio, Noite e Liberdade!

Silêncio, Noite e Liberdade!
Acabei de ter uma das melhores conversas da minha vida!
A pouco fechei a janela do meu quarto, estava admirando o céu, a procura de alguma estrela lutando para brilhar e mostrar toda a sua beleza através das nuvens.
O céu estava esplendido, suas nuvens avermelhadas criando formas e desenhos. O vento assoviava canções de ninar e me trazia aquele cheiro de liberdade que só se encontra nas madrugadas de verão. O silêncio conversou comigo como um amigo de muitos anos, sussurrando respostas no meu coração, me proporcionou paz, calma e felicidade, ajudando-me  organizar os meus pensamentos.
Fui chamada a razão pelo céu que me enviou trovões e chuva, como um boa noite e até logo. Me despedi estasiada, sempre que possível voltarei a visitar os meus amigos, pois sem duvida são os melhores conselheiros que já existiu.

O ser humano não precisa de psicólogos ou terapeutas, precisa apenas ouvir o que a natureza nos diz no seu silencio e esplendor.

Gabriele Laco.