sábado, 28 de fevereiro de 2015

Dor

Inspira, expira, inspira, expira ...
O corpo inativo, dormente e o único lugar onde existe sensibilidade é o foco da dor.
E como dói!
A dor cessa um pouco e volta com força total.
Não tenho vontade de sair da cama, trocar de roupa, tomar banho... Anseio desesperadamente por uma cura, alguma misericórdia do meu corpo ou ao menos uma boa noite de sono.

Gabriele Laco 

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Um poço bem fundo

As vezes pego-me no fundo de um poço, mas ao invés de água, existe apenas tédio, a beira de transbordar.
Realmente, sinto-me péssima. As situações que me rodeiam perdem seu valor ou tornam-se exageradas, lugar algum me satisfaz, nada prende minha atenção. Em meio desse transtorno entram minhas amigas velhas e corocas, irritação e estresse, andam de mãos dadas comigo a uns 17 anos, sinto-me um animal feroz  em cativeiro atiçado, que atacaria qualquer um por instinto.
Sem dizer que em minha vida fui agraciada com pessoas maravilhosas que amo e me amam, tenho pais companheiros e amorosos, uma irmã linda e carinhosa, um melhor amigo intitulado de namorado e eu adoro meus gatos. Odeio sentir-me assim, com todas as minhas forças, pois não tenho motivo algum para entrar nesse estado autodestrutivo psicológico
Mesmo com o quebra-cabeça aparentemente montado, faltam peças que até ontem eram secundarias, mas agora tornaram-se importantes, peças perdidas que fazem-me quebrar a cabeça tentando encontrá-las.
Sigo diariamente retirando baldes de tédio do meu poço psicológico, lutando diariamente contra meu estresse e irritação de animal em cativeiro, sigo lutando juntamente com milhares de pessoas que diariamente tentam esvaziar seu poço.

Gabriele Laco

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Bloqueio

Um prato repleto de porcarias, um copo cheio de porcaria, um livro aberto, uma música rompendo o silencio e uma manhã nublada, tornando tudo melancólico
E esse maldito bloqueio criativo, que por mais que eu tente escrever, não sai nada tragável.   .

Gabriele Laco

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Peixe fora d'água

Sinto um medo muito grande de olhar para o futuro, bate uma vontade de ir correndo pra casa me esconder.
São tantas cobranças amontoadas umas por cima das outras, e tudo acaba virando uma bola de neve que quase me esmaga.
"Estude para o vestibular, mas não esqueça: faça algo que renda muito dinheiro."
"Arrume um emprego, trabalhe feito escravo e viva para pagar contas."
"Case e tenha filhos, você não tem escolha."
"Não fume e não beba, tenha uma vida saudável."
"Troque de carro todo ano, compre uma casa de praia, deixe um legado."
"Gaste tudo que adquiriu na vida tentando escapar da morte."
Talvez o que escrevi seja mal interpretado e pretensioso, mas não quero ser consumida pela minha vida, quero vive-lá sem a imposição, preconceito e criticas alheias, mesmo isso sendo um pouco impossível, quero fazer as escolhas certas e erradas e aprender com todas elas, viver fora das linhas, sem esse caminho pré destinado.
Só não quero me tornar um adulto infeliz e irrealizado por ter seguido ideologias que não acredito, e se me tornar que seja pela minhas escolhas e não pelas escolhas da massa geral.
Talvez todo jovem pense assim, talvez eu esteja nadando contra a correnteza, talvez nada disso de certo ou seja plausível, mas eu quero seguir assim.

Gabriele Laco

Apesar de tudo

Eu olhava e sorria, vendo o quanto aquele ser humano era belo e o quanto ele era essencial para minha sobrevivência. Tão essencial quanto o oxigênio, quanto a água e o calor do sol.
O quanto eu o amava, e mesmo que eu diga que o amo essas palavras jamais vão demonstrar o quanto  de sei lá o que eu sinto por ele.
Como pode ser tão belo e celestial e mesmo assim se entrelaçar por uma mera mortal, que nada tem a oferecer, apenas fragilidade ridícula de um corpo e mente desequilibrado.

E eu o amo cada dia mais, a cada hora, a cada segundo, eu o amarei por toda eternidade, apesar de tudo.

Gabriele Laco

Cair

Que dia lindo, céu azul, sol brilhando, brisa de verão!
E mesmo com a natureza me presenteando com esse espetáculo, a tristeza me doma, monta em mim.
Os dias tem passado sem sentido, tão monótonos, entediantes, me sinto distante das pessoas, como se o meu mundo se resumisse no meu quarto, e mais nada.
Ao meu olhar parece que tudo que construí está desmoronando. Sinto-me sozinha, distante da minha própria vida. Não tenho mais inspiração para escrever, ora, para quem irei mostrar?
Mas o que mais me dói não é a tristeza, solidão e nem toda essa pequena crise existencial. O que me esmaga é essa sensação de substituição, de "chegou ao fim".
Não consigo aceitar ser ignorada, substituída pela minha fonte de maior inspiração, não aceito ser menosprezada, ser jogada de lado.

Isso está me matando, me enferrujando. Me entreguei, me atirei de corpo e alma nesse sentimento, esperando cair nos seus braços, em seus cuidado e carinhos, mas no fim, cai no esquecimento. 

Gabriele Laco

Abstinência

Estou em abstinência!
Abstinência dos seus beijos quentes, dos seus abraços protetores, sorrisos maliciosos.
Me recordo de como era tocar a tua pele, de sentir ela na minha, de sentir teu cheiro.
E todas as vezes que adormeci deitada ao teu lado, descansando a cabeça no teu peito, ouvindo as batidas do teu coração, as vezes que eu te fazia carinho, todas as vezes que me arrancou gargalhadas e todas as vezes que arrumava meu cabelo atras da orelha e me beijava.
Sinto falta, talvez muita. Te amei da maneira mais errante e deplorável possível.
Foi a pior e a melhor experiencia que já tive.
Mas como toda abstinência, essa também vai passar.
Escrevo com um sorriso nos lábios, pois só consigo guardar as lembranças boas.

Gabriele Laco

Um grande erro

Eu sei que isso é errado.
Também sei que essa dependência um dia vai me matar, mas é impossível me desvencilhar disso, não consigo mais me "libertar".
Essa droga que um dia vai me matar é a mesmo remédio que me cura. Ando de mãos dadas com meu assassino e meu curador, ele pode apunhalar meu coração e me matar, como pode cuidar dele.
É loucura e burrice depender de alguém, mas eu não consigo não te querer, minha doença é crônica e eu preciso de doses tua diariamente. Não posso depender de ti pra ser feliz, mas metade da felicidade que tenho em minha vida vem de ti, e eu te amo tanto, do fundo da minha alma doente.
Te procurei inconscientemente durante anos e saber que posso te perder, me assusta tanto. Eu não sei mais viver sem ti, eu sei que isso é assustador, desculpe, eu não consigo mais viver sem os teus abraços, sem o teu cheiro, sem os teus beijos, eu preciso ouvir tua voz todos os dias e ver teus olhos castanhos claros me observando. Não consigo mais não ter isso, estou com um aperto tão grande, uma preocupação do tamanho do mundo agora e isso é ridículo.
Esse medo de te perder, me fez escrever com um fervor e uma intensidade que nunca escrevi antes.

Gabriele Laco

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Ódio?

Essa ansiedade me toma por completa!
Quero sair de casa agora, no meio da noite, com o cabelo desgrenhado e de pijama.
Quero atravessar toda a cidade pra te encontrar, quero roubar um carro e dirigir desgovernada até chegar na tua casa, sem medir a consequências. Só pensar no que pode acontecer depois, depois que eu cair nos teus braços, sentir teu cheiro, te encher de beijos e rir da tua cara de espanto mesclada com felicidade.

E sabe, eu te odeio, sim, EU TE ODEIO, odeio muito por sinal. Odeio como tu consegue me acalmar, e ser tão gentil e cavalheiro, odeio como consegue ao mesmo tempo me bagunçar e me organizar, odeio como está conseguindo a cada dia me amolecer e domar essa gata arisca e o que eu mais odeio é não conseguir odiar tudo isso, não conseguir te odiar, nem um pouco, nem por um segundo.

Gabriele Laco

Fugir

Quero fugir! Não por muito tempo, tampouco para uma vida inteira, só por essa noite.
Um lugar isolado, distante de tudo e todos, onde seja possível organizar os pensamentos, onde tenha solidão. Mas pego-me pensando se anseio por solidão ou pelo acalento do teu abraço? Se desejo um lugar distante ou apenas deitar ao seu lado, descansar em seu peito, ouvir as batidas do teu coração. Até que seu aconchego relaxe meu corpo e mente, e eu possa descansar no calor dos teus braços.

Necessito de ti, aqui e agora, mas já que o mundo não é uma fábrica de realizações de desejos aguardo encontrar no sono o antidoto que amenize a falta que tu me faz.

Gabriele Laco

Tolice

É como um frenesi.
Me mordo, me parto, me esfaleço.
Renasço, revivo, regresso.
A tristeza vem e me banha e com um sorriso a felicidade me veste.
Sentido já perdeu, a música parou o sentindo acabou.
E eu boba continuo... aqui.

Gabriele Laco. 

Doce ou amargo

Como café, doce, forte e quente.
Apenas uma bebericada nos aquece a alma, fortalece o coração e adocica o sorriso.
Os cafés se diferenciam, uns mais doces, outros mais fortes, alguns mais quentes e outros mornos. Mas sempre a um, que nos vicia e nos faz quer-lo cada vez mais.
Até para aqueles que dizem não gostar, por terem a terrível experiencia de ter ficado com amargo do café na boca, mas após degusta-lo novamente, cai de joelhos ao doce que lhe proporciona.
O café tem esse dom, suaviza até a feição mais carrancuda, incendeia o coração mais gélido, fortalece a alma mais devastada.
Seja um paladar inexperiente bebericando seu café com leite ou um paladar calejado de seu café bebido, mas enfim, sendo doce ou amargo ninguém resiste a um bom café.

Gabriele Laco

[RESENHA] Misto Quente

 

Titulo: Misto Quente.
Titulo Original: Han On Rye.
Autor: Charles Bukowski
Gênero: Romance, leitura moderna internacional.
Páginas: 320.
Editora: L&PM. 
Sinopse:  O que pode ser pior do que crescer nos Estados Unidos da recessão pós-1929? Ser pobre, de origem alemã, ter muitas espinhas, um pai autoritário beirando a psicopatia, uma mãe passiva e ignorante, nenhuma namorada e, pela frente, apenas a perspectiva de servir de mão-de-obra barata em um mundo cada vez menos propício às pessoas sensíveis e problemáticas. Esta é a história de Henry Chinaski, o protagonista deste romance que é sem dúvida uma das obras mais comoventes e mais lidas de Charles Bukowski (1920-1994).
Verdadeiro romance de formação com toques autobiográficos, Misto-quente (publicado originalmente em 1982) cativa o leitor pela sinceridade e aparente simplicidade com que a história é contada. Estão presentes a ânsia pela dignidade, a busca vã pela verdade e pela liberdade, trabalhadas de tal forma que fazem deste livro um dos melhores romances norte-americanos da segunda metade do século 20. Apesar de ser o quarto romance dos seis que o autor escreveu e de ter sido lançado quando ele já contava mais de sessenta anos, Misto-quente ilumina toda a obra de Bukowski. Pode-se dizer: quem não leu Misto-quente, não leu Bukowski.
Um livro escolhido pela capa e que se tornou uma belíssima surpresa, anteriormente já havia ouvido falar do Bukowski, mas não levava muita fé que era realmente bom, então em uma passada pela livraria não sabia qual livro levar e escolhi esse por intuição mesmo, não me arrependi nem um pouco, minha paixão pelos livros do Bukowski é crescente, já li alguns e é sempre uma leitura muito agradável e nada cansativa.
Misto Quente é um romance-autobiográfico, que conta a história do alter ego de Bukowski, Henry Chinaski que vai da infância até a faculdade.
Inicia contando sobre sua infância  com uma família conturbada, hipócrita e moralista, um pai brutamontes de quem levava surras sem motivos, brigas com os valentões da escola e sonhos de criança.
Na adolescência começa sua admiração por grandes escritores,  gosto por mulheres, que é algo marcante e nada peculiar e tendo que lidar com uma súbita crise de acnes que o deixam com o corpo e rosto marcados, também marcados por  brigas frequentes.
Sua fase adulta é marcada pela Segunda Guerra Mundial, sua vontade de escrever , muitas bebedeiras, brigas e miséria.
Bukowski escreve de uma forma coloquial, sem firula e palavras rebuscadas, com um vocabulario a moda Bukowski, com palavrões e xingamentos muito bem empregados e cômicos, o que  torna uma leitura muito agradável e nada cansativa. Bukowski é um narrador que domina o que escreve e também o leitor, tornando-se impossível abandonar o livro depois de começado. 

Gabriele Laco. 

Retomada

É tão estranho pegar na caneta novamente, me ver nessa mesma posição de escritora, mas toda vez que escrevo é pra ti, inteiramente pra ti, seja bom ou ruim é pra ti, teu amor me inspira, tua essência me faz escrever e depois de alguns meses não foi diferente.

Acreditava que era uma boba por sempre escrever sobre amor, mas parei e pensei: quantas pessoas na vida amam e são inteiramente amadas em resposta? Acredito que metade delas, ou menos.

Tu foi o acaso mais lindo da minha vida, a melhor coincidência, que me proporciona tanta felicidade, me causa tanta alegria, que as vezes saem em forma de tinta ou lágrimas, acompanhadas de muitas e tantas palavras melosas, abraços e beijos cheios de amor, carinho e proteção.

Tu é meu amigo, confidente, companheiro, o grande amor da minha vida, esqueci como é viver sem ti ao meu lado.

Então permito-me transbordar de amor, paixão, permito-me escrever pra parte mais bela de mim.

Gabriele Laco.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Minhas bandas favoritas

Então, eu fugi um pouco dos meus “poemas” e vou falar de música.
Levo fé que a massa geral curte música e tem seus artistas e músicas favoritos. As músicas marcam gerações e são passadas de décadas em décadas, e além de marcarem gerações deixam fixadas lembranças, boas ou ruins, nostálgicas ou vergonhosas...
Então irei compartilhar minhas bandas favoritas e deixar uma playlist pra quem se interessar.





Eu sou maluca por Engenheiros do Hawaii, ouvia com o meu pai quando criança e só retomei meu amor perpétuo por eles por volta do quinze anos, quando estava na fase da música brasileira. Comecei ouvindo as músicas mais conhecidas e populares e aos poucos  fui ouvindo álbum por álbum, e nessa fase surgiu um show solo do Humberto Gessinger que é vocalista do Engenheiros aqui na cidade, arrastei meu pai para me acompanhar e quase fiquei rouca de tanto cantar as músicas.
Gosto das músicas deles por que são muito inteligentes, conseguem fazer criticas e serem românticas de uma maneira poética que eu gosto muitíssimo, com muito jogo de palavras e uma emoção fora do comum.
Não tenho nenhuma música especifica favorita deles, mas tenho um álbum favoritíssimo, A Revolta Dos Dândis, até consegui comprar o LP em uma feira de antiguidades que tem em Porto Alegre, então recomendo esse álbum que é MARAVILHOSO!



Só se tornou perceptível pra mim que Oasis é uma das minhas bandas favoritas a algum tempo. Conhecia uma música deles, a mais popular Wonderwall, creio que ouvia ela em algum lugar quando era criança, pois quando ouvi ela de novo por volta dos meus  14 anos me apaixonei na hora, ouvia noite e dia. E desde então eu comecei a ouvir outras músicas e passei muito tempo ouvindo apenas as mais populares, depois de um tempo fui ouvindo álbum por álbum.
 Já deixou de ser paixão a algum tempo, o que sinto já é amor , normalmente depois de algum tempo ouvindo a mesma banda por horas eu canso e começo a ouvir outras, mas com Oasis não, escuto sem parar e não canso, me faz bem aos ouvidos, adoro as melodias e as letras.

Como Engenheiros do Hawaii não tenho musica favorita atualmente, mas meu álbum favorito deles é o The Masterplan, então também escutem esse álbum que é muito bom. 

                                                  
Musica by on Grooveshark



Gabriele Laco.

Malicia

Lindo!
Me olha tanta ternura, amor e malicia.
Malicia da qual não conheço, navego sem bassula na malicia dos teus olhos, sem rumo nem direção.
Talvez encontre terra firme ou talvez naufrague no castanho dos teus olhos.
Talvez fique ilhada no teu corpo.
Talvez uma tempestade me sopre para teus braços.
Ou talvez me afogue no teu calor.
Muitos, tantos, milhares de ” talvez”, mas a única certeza que agora me pertence é que quero te ter.
Quero desbravar teu corpo, me perder nos teus lábios, incendiar teu corpo...

Mas enquanto não conheço, me delicio na malicia do teus olhos.

Gabriele Laco. 

Puro Clichê

Viro para um lado, viro para o outro, abraço um travesseiro e os meu pensamentos, mas uma vez, voam até você.
Seria um sonho realizado passar uma noite ao seu lado, fazendo as coisas mais "indecentes", trocando caricias e carinhos ou até mesmo dormindo aninhada nos seus braços, com os seus pés esquentando os meus, como dois idosos!
Isso tudo é tão clichê, não é mesmo? Mas quem disse que o amor é original? 

Gabriele Laco.

Lápis e Papel

Muitas vezes penso que o fantasma do bloqueio criativo que me assombra quando pego no lápis nunca vai embora, mas só basta escrever umas poucas palavras que tudo flui, até o universo conspira a favor.

O lápis desliza sobre o papel e de repente tudo se transforma, o lápis é minha arma e o papel meu escudo, com eles me defendo das inseguranças, medos e aflições, com eles posso criar qualquer coisa, além das fronteiras da minha imaginação.

E de repente o papel está repleto de palavras e frases, que vão desde erros de ortografia a declarações de amor e o lápis se prepara para mais algumas páginas.

Creio que não seja uma boa escritora dentro dos padrões, mas quando escrevo é de todo meu coração, com toda emoção que possuo. A escrita me fortalece e me faz mais feliz, e sendo bom ou ruim não pretendo parar de criar enquanto puder.


domingo, 15 de fevereiro de 2015

Muito prazer

Nem todos os paladares conseguem degustar a doçura do meu azedume.
A audição mais apurada não consegue ouvir os gritos do meu silêncio.
Muitos me enxergam, mas não me veem.
Me acariciam, mas não me tocam.
Me sentem e não são capazes de me apreciar.
Por que sou um enigma, sou menina, sou mulher, sou do contra!
Não sou pra todos os sentidos.
E poucas pessoas vão morrer conhecendo.

Gabriele Laco.

José e a vida

José acordou de supetão de um péssimo pesadelo, no meio de uma noite quente de janeiro, com o coração disparado e com a testa pigando suor. Contudo, José não quis levantar-se, pelo contrario quis ficar ali, deitado, olhando para o teto sujo e escuro do seu minusculo quarto em um cortiço no subúrbio.

Não tinha vontade de levantar-se, tampouco dormir de novo. Ele não aguentava mais aquela vida, acordar 5:30 da manhã todos os dias, ir trabalhar em um emprego que odiava e que nem de longe haveria sido o sonho dele, e muito menos morar naquele minusculo quarto sozinho. Entretanto, por mais que ele odiasse o rumo que a vida tomou, ele crera que não era capaz de mudar mais o caminho de sua vida, achava-se um tremendo idoso para tal coisa. 

Porém hoje ele acordou e sentiu-se diferente, como se algo naquele pesadelo horroroso tivesse despertado dentro dele a luzinha da vida, que a muito tempo havia se apagado dentro dele. Pois ele não vivia, apenas sobrevivia, aquilo não era vida.

Após horas deitado na cama, observando o quarto escuro, e pensando na vida, lembrando do passado, quando ele julgava-se um pouquinho feliz. Pensava no seu presente também e perguntava-se: "Meu Deus, o que fiz da minha vida?". E com os olhos marejados de lágrimas se levantou cambaleando da cama e foi até um armário onde havia cartas e fotos da sua juventude, cartas apaixonadas da mulher da sua vida, que ele ainda amava com todo seu coração, mesmo após aqueles 15 anos separados pelos caprichos da vida, fotos de seus amigos e família. 

José levantou-se do chão com total determinação, pegou as cartas e fotos caídas aos seus pés, olhou-se no espelho e começou a perguntar-se em voz alta, ainda com as lágrimas escorrendo pelo seu rosto ossudo:

"Já nem sei que eu sou, afinal, qual minha identidade? Foi soterrada a tanto tempo por uma avalanche de amargura, tornando a vida infeliz. Já me desconheço, quem é esse dublê que habita meu corpo?" - e começou a sorrir e conversar com o seu reflexo, como uma criança tendo uma epifania sobre algo tão bobo e óbvio - "Ah, meu velho, temos apenas 50 anos, nos tornamos velhos de alma, agora vamos clamar e reivindicar por juventude e liberdade. pois o tempo voa e já perdemos tanto. Está na hora de perder o medo e ir atrás dela, ver aquele sorriso novamente, e içar velas para novos ventos.

E com toda determinação de um nova vida e felicidade dos sonhos renovados que se reinstalava em seu coração e alma, José foi tomar um longo banho, botou sua melhor roupa, fez as malas e foi em busca dos seus sonhos. 

Esperou até amanhecer e saiu do seu quarto, desceu as escadas com um sorriso largo e cantarolando um samba de raiz, acabou encontrando a vizinha saindo de seu apartamento, uma moça muito bonita que morava o lado do seu apartamento:

- Bom dia Seu José, vejo que o senhor está feliz! Aonde vai com tanta animação?
- Bom dia bela Marieta! Sim, senhorita, estou muito feliz! Estou indo em busca dos meus sonhos, estou indo ser feliz!

E com um sorriso de orelha a orelha, sentiu uma pontada pungente no coração e caiu aos pés de Marieta. A ultima coisa que viu com seus olhos que expressavam a falta de entendimento do que acontecia, foi Marieta aos prantos tentando o reanimar, mas já era tarde demais, José já tinha partido para sem dúvida nenhuma, a maior viajem que poderia fazer.

Palavras

Me faz ter desejo por escrever, me inspira! 
Talvez eu esteja enlouquecendo, mas me faz sentir especial, unica. Não apenas mais uma na multidão.
Suas palavras me  fazem caricias, me exitam, me tocam em pontos de extremo prazer. Me deleito em suas palavras, no tom de voz aveludado. Em como as palavras dançam lindamente ao seu redor, palavras que me convidam a juntar-me a sua dança, eu aceito, e dançamos majestosamente ballets, valsas, tangos... Saiu do chão, o mundo se transforma, e há apenas as palavras dançando no ar, o tempo se torna efêmero e quando percebo, o espetáculo acaba, mas não me importa, pois sei que esse espetáculo foi feito pra mim!

Gabriele Laco. 

O Primeiro

Sabe quando olhamos nos olhos de uma pessoa, e ela te leva pra outra dimensão, como se só houvesse no mundo você e aqueles olhos e tudo a volta se tornasse frívolo? Olhos que te confortam, entendem, de certa forma intimidam. Não precisam palavras, basta apenas um olhar.
E me olhou como se soubesse desde o começo que eu também não era daqui, e em um completo ato de bravura, abrigou um tornado dentro de seus olhos, me abrigou.
E eu volto a encarar aqueles olhos toda vez que preciso de trégua dessa batalha incessante, pois são naqueles olhos onde encontro conforto e compreensão.

Não me preocupo por quanto tempo aqueles olhos serão meu refúgio, pois alguns infinitos são maiores que os outros!

Gabriele Laco.