terça-feira, 16 de junho de 2015

Apenas Peso

O dia passou pesado, como aqueles dias que o céu está carregado de nuances de cinza escuro, deixando tudo tão mais sombrio, mas hoje pelo contrário, o dia estava lindo, com céu azul e nuvens transparentes cruzando o céu.

Diferente de tantas outras vezes que me fechava magoada no meu mundo e as pequenas coisas do dia me alegravam, hoje foi ao contrário, acordei com uma disposição assombrosa, rara de pertencer a mim.

Ao pegar o ônibus lotado pela manhã, me deparo com um menino que não deveria ter mais que cinco anos dormindo em pé encostado em uma das paredes do ônibus, enquanto sua mãe conversava com uma mulher que estava sentada. A pergunta que rondou meus pensamentos naquele instante foi: "será que ninguém está vendo essa criança dormindo de pé?". A vida não é fácil, e todos sabemos disso, mas por que não poupar a pobre criança que acordou por volta das 06:30 hrs da manhã, em pleno frio, por que não dar seu lugar? Se é desgastante para mim acordar tão cedo e ir esmagada em um ônibus cheio, imagine a criança que é menos resistente que os demais a sua volta. Parece uma tremenda bobagem de minha parte, mas essa pequena desatenção das pessoas a minha volta mexeu comigo.

A tarde fiquei sabendo de uma noticia que envolvia uma menina, uma colega antiga de escola, estudamos todo fundamental juntas, ela estava internada em uma clinica psiquiátrica por se encontrada na rua desmaiada por excesso de droga. Sinceramente, no instante que fiquei sabendo não me afetou, mas depois parando para pensar na menina de voz macia, que eu adorava em segredo ouvir sua voz enquanto lia textos na sala, de uma beleza tão distinta, acabará chegado nesse ponto da vida sendo tão jovem. Nem eramos amigas, nunca fomos, mas quando eu tinha 6 anos nunca imaginei como nossas vidas mudariam em 10 anos, espero muito que ela se encontre.

Ainda nessa mesma tarde, fiquei sabendo de uma comunidade carente de minha cidade, não parece tão grave até nos chocar. A moça que relatava o caso faz um projeto com algumas crianças de lá e ao dizer as coisas que escutou me surpreendi. Coisas como: "tia, sua mãe também é maconheira?" ou "tia, comi aquela menina ontem ali atras " e esse menino da última pergunta tinha apenas 9 anos, idade que minha irmã tem e brinca de bonecas ainda.

Todas essas coisas me tocaram e deixaram-me com um peso surpreendente. Não sou a cidadã mais consciente, mas sempre tento fazer minha parte, mesmo sendo pouca. Tem dias que estou triste ou sei lá o que e o simples fato de um estranho sorrindo pra mim me alegra, como hoje um senhor que cuida carros foi simpático comigo e me presenteou com um sorriso, tenho certeza que os dias dele não são fáceis, mas mesmo assim ele ainda foi capaz de ser gentil com uma estranha. São coisinhas tão simples, mas que deixam a vida melhor e não custam nada, só beneficiam. Se eu que não estou imergida nas drogas ou não pertenço a uma comunidade carente e minha vida não é tão dura quanto a deles por que não posso sorrir para criança e ceder meu lugar para ela? Pequenas coisas que vou continuar fazendo e muitas que ainda vou melhorar.

Desculpe se foi um texto cansativo e nada bem escrito, mas o peso desse dia pesa sobre minhas mãos e mente, se tornando difícil embelezar qualquer coisa.

Gabriele Laco




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