quinta-feira, 20 de agosto de 2015

[RESENHA] A arte de escrever


( Editora L&PM Editores, autor Schopenhauer,
tradutor Pedro Süssekind.)

Foi uma escolha meio sem querer, foi bater o olho e "é esse". Adquiri esse livro por meio de um projeto super legal que tem na minha cidade, um rodizio de livros, tu leva um e troca por outro. Bom, só pelo título já me chamou atenção, não é a obra mais famosa do Schopenhauer, até porquê, esse livro é composto por fragmentos de um livro muito maior e mais reconhecido dele, que se chama Parerga e Paralipomena. 

O livro é dividido em seis capítulos, que são separados por assuntos, são eles: Sobre a erudição e os eruditos; Pensar por si mesmo; Sobre a escrita e o estilo; Sobre a leitura e os livros; Sobre a linguagem e as palavras. Nesses poucos capítulos ele fala muita coisa e critica muita coisa, me abriu os olhos para novas perspectivas.

Schopenhauer, comenta durante o livro inteiro como é importante pensar por si mesmo, ele fala que os pensamentos são como uma mola e se forem sobrecarregados de pensamentos alheios, vindo de livros, a mola perde a elasticidade, ou seja, perdemos a capacidade de pensar por nós mesmos, nos acostumamos a percorrer trilhas já percorridas.

"[...] a leitura não passa de um substituto do pensamento próprio. Trata-se de um modo de deixar que seus pensamentos sejam conduzidos em andadeiras por outra pessoa. Além disso, muitos livros servem apenas para mostrar quantos caminhos falsos existem e como uma pessoa pode ser extraviada se resolver segui-los. Mas aquele que é conduzido pelo gênio, ou seja, que pensa por si mesmo, que pensa por vontade própria, de modo autêntico, possui a bússola para encontrar o caminho certo. Assim, uma pessoa deve ler quando a fonte dos seus pensamentos próprios seca, o que ocorre com bastante frequência mesmo entre as melhores cabeças. Por outro lado, renegar os pensamentos próprios, originais, para tomar um livro nas mãos é um pecado contra o Espírito Santo. É algo semelhante a fugir da natureza e do ar livre seja para visitar um herbário, seja para contemplar as belas regiões em gravuras [...]"

Ele crítica os eruditos que usam das informações dos livros, ou da escrita para ganhar dinheiro, os acha medíocres, pois diz, que jamais serão pessoas capazes de ser originais, já que pensam pela cabeça dos outros.

"[...] a peruca é o símbolo mais apropriado para ao erudito puro. Trata-se de homens que adornam as cabeça com uma rica massa de cabelo alheio porque carecem de cabelos próprios. Da mesma maneira, a erudição consiste num adorno com uma grande quantidade de pensamentos alheios, que evidentemente, em comparação com os fios provenientes do fundo e do solo mais próprios, não assentam de modo tão natural [...]"

Por outro lado, tem respeito pelos diletantes, pois esses exercem sua ciência ou arte por amor, por alegria, por mais que sejam ridicularizados por não prezarem o dinheiro, e sim, o prazer de exercer sua arte ou ciência.

Schopenhauer crítica muitíssimo o escritores alemães de sua época, mostra seu desagrado pelos novos escritores que não tem respeito a língua alemã, como não dominam ou conhecem a línguas que originaram tantas outras na Europa (latim e grega), crítica ainda mais os escritores que publicam livros por dinheiro.

"[...] antes de tudo, há dois tipos de escritores: aqueles que escrevem em função do assunto e os que escrevem por escrever. Os primeiros tiveram pensamentos, ou fizeram experiências, que lhes parecem dignos de ser comunicados; os outros precisam de dinheiro e por isso escrevem, só por dinheiro [...]"

O livro e o escritor me impressionaram, ele escreve de uma maneira leve e nada cansativa, expõe suas ideias e pensamentos com muita clareza, sem milhões de palavras rebuscadas para camuflar falta de conteúdo ou para mostrar o quão intelectual é.

"[...] a verdade fica mais bonita nua, e a impressão que ela causa é mais profunda quanto mais simples for sua expressão[...]"

 Enfim, um livro realmente ótimo, indicado a todos, principalmente a quem gosta de escrever e de ótimos filósofos, espero que minhas singelas palavras expressem os preciosos pensamentos desse cara.

Gabriele Laco.
Categories:

0 comentários:

Postar um comentário